Tempo em Algueirão Mem Martins

sábado, 28 de novembro de 2020

[Observador] 45 anos a mascar. Na fábrica das pastilhas Gorila

Quem nunca tentou fazer o maior balão de sempre com um Super Gorila? A histórica marca portuguesa continua a ser fabricada nos arredores de Lisboa, juntamente com outras guloseimas.

Junto ao portão sente-se logo um cheiro novo. É uma espécie de caramelo suave, uma brisa açucarada que nos diz que chegámos. Estamos nos arredores de Lisboa, na fábrica da Lusiteca, a empresa familiar que continua a dar vida às famosas pastilhas Gorila. “Temos os mesmos desafios que as outras fábricas, mas ao menos é tudo doce e bem cheiroso”, diz Luís Filipe Brandão, atual CEO do negócio e genro de um dos fundadores, Carlos Alberto Marques da Costa. E é verdade: antes de os maxilares entrarem em cena, é o nariz que não descansa ao percorrer os corredores da fábrica.

Falar da Gorila é falar da Lusiteca, a empresa que criou a marca e que nasceu há mais de 50 anos. Em 1968, três empresários vindos da indústria alimentar – de áreas como o café e o bacalhau – decidiram aceitar uma inevitabilidade: com a chegada dos supermercados, era cada vez mais difícil continuar a vender a granel. Os três criam então uma empresa de embalamento, no mesmo sítio onde hoje mora a fábrica da Gorila, em Algueirão – Mem Martins. Com a evolução do mercado, o negócio passa a envolver também a produção de guloseimas.

Primeiro chegaram os rebuçados de fruta, os drops com recheio e os caramelos de marcas como a Mouro (já extinta) e a Penha, que ainda hoje faz parte do portefólio da empresa e é produzida no mesmo complexo industrial. O negócio cresceu, a popularidade também,
e em 1975 nasce a Gorila, sucesso que em 1981 dá origem às famosas Super-Gorila, vendidas em embalagens de cinco unidades e muito maiores. “Com elas foram batidos todos os recordes de tamanho de balões. Não havia criança que não tentasse mascar mais do que uma pastilha ao mesmo tempo”, lembra o CEO.

Em 52 anos de vida – 45 no caso da Gorila –, a empresa foi posta à prova várias vezes, enfrentou períodos de dificuldade e foi obrigada a fazer reestruturações  profundas para regressar aos bons resultados. “Tudo sem deixar de ser uma empresa familiar de capital 100% português”, diz orgulhosamente Luís Filipe Brandão.

Dos Cordões aos Balões
Na fábrica podem chegar a produzir-se “cinco toneladas de pastilhas por dia”, avança Gonçalo Brandão, neto do fundador e chefe de operações da empresa desde 2019. Trinta a 40% vai para exportação, a receita é que nunca saiu de portas e nunca foi alterada. “É muito simples: é juntar glicose com açúcar, goma, essência e um ou outro segredo”, brinca o herdeiro da família.

O primeiro passo é amassar e aquecer tudo numa misturadora com capacidade para 250 quilos. O resultado é uma espécie de plasticina branca que é depois colocada sobre umas mesas compridas, refrigeradas, para arrefecer – à primeira vista parece pão. Dois homens vestidos de branco pegam então na massa arrefecida e atiram-na para uma nova máquina. “É a extrusora, tem um sem-fim [uma espécie de parafuso gigante] que empurra a massa para ela sair na forma de cordão comprido”, vai explicando Gonçalo. Nesta fase, já é mais fácil visualizar o produto final. No entanto, antes de chegar aos pequenos retângulos que os portugueses conhecem bem, o tal cordão tem de atravessar um enorme túnel de arrefecimento que lhe dá mais solidez. Só então é que segue para um novo mecanismo que mais parece uma câmara de filmar antiga – culpa de duas enormes bobines, uma com o invólucro e outra com o famoso cromo que envolve cada uma das pastilhas.

“Daqui as pastilhas vão para as famosas caixas vermelhas que vemos nos cafés”, remata Gonçalo. Cada caixa tem sempre pelo menos cem unidades, vendidas individualmente. E os fãs das Super-Gorila podem ficar descansados: continuam a ser fabricadas e o processo é todo igual. Só as pastilhas – e os balões – é que são maiores.

Artigo publicado originalmente na revista Observador Lifestyle nº 7 (março de 2020).
https://observador.pt/2020/11/28/45-anos-a-mascar-na-fabrica-das-pastilhas-gorila/


sexta-feira, 27 de novembro de 2020

Mural na Rua da Azenha

 Mural na Rua Rio da Azenha em honra dos 3 ranchos folclóricos existentes na nossa freguesia: Rancho Folclórico e Etnográfico “As Mondadeiras do Algueirão”, Rancho Folclórico “As Vendedeiras Saloias de Sintra” e Grupo Folclórico “As Florinhas do Alto Minho”. Mais uma vez um agradecimento aos artistas Styler e Vasco Costa.









sábado, 21 de novembro de 2020

Carregamento de Supermercados na via pública

Encontrando-se o concelho de Sintra em Estado de Emergência, esta semana assisti em 2 supermercados em Mem Martins o carregamento de mercadorias a ser realizado, ocupando o passeio, não respeitado traseudes, idosos, carrinhos de Bebé ou pessoas com dificuldades de locumoção....

Querem passar?

Aguardem que agora tem de passar as paletes...

na Rua do Coudel, em São Carlos




na av. Chaby Pinheiro









quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Reabertura do Mercado do Algueirão

É já este sábado que reabre o Mercado do Algueirão... Um espaço para a comunidade e para dinamizar o comércio local.




terça-feira, 17 de novembro de 2020

Obras do Novo Centro de Saúde

Continuam as obras no novo Centro de Saúde de Algueirão Mem Martins, no terreno da antiga Fabrica da Messa



domingo, 15 de novembro de 2020

[Rimas e Batidas] Fumaxa: “Estar com outros músicos em estúdio trouxe mais coesão à minha música” [video]

“Eu comecei a escrever em 2006 com os Young Thugz aqui da minha zona.” É assim que Fumaxa começa por nos contar a sua história no hip hop. Fast–forward até aos dias de hoje, quis o destino que o seu foco transitasse das rimas para as batidas, levando-o ao encontro de um currículo que hoje já é um dos mais respeitados em Portugal. Dos trabalhos ao lado de Bispo, Chyna ou No1 às produções cedidas a gente como Landim, Blasph, Sanryse, Valas ou, mais recentemente, Julinho KSD — e não esquecendo o contributo que deixou em três dos discos mais aclamados dos últimos anos, You Are Forgiven, Deepak Looper e The Art Of Slowing Down —, parece que só lhe faltava mesmo tem um hit em nome próprio.

O trajecto foi longo e meteu pelo meio uma estadia em Londres antes do regresso em definitivo ao nosso país para vingar na emblemática dupla que formou com Bispo, tanto em disco como nos palcos. Longe de casa mas no conforto de uma comunidade lusa que o acolheu e o motivou na caminhada, Fumaxa aponta Fizz como “uma pessoa que foi muito importante” no processo de aprendizagem e relembrou como Marrokan lhe introduziu ao sampling na MPC durante uma conversa com o ReB.
Apesar do ar calmo e tranquilo que aparenta, Fumaxa é um verdadeiro turbilhão criativo e um dinamizador nato, cuja força motriz e motivação facilmente contagiam e fazem girar à sua volta os criativos que lhe estão próximos. No regresso a Mem Martins, já com uma dose de knowledge e algum capital para investir, uniu o bairro onde mora e juntou-se à Fitcha Broca Recordz, com alguns talentos locais, como Landim, Singa, BTG ou Thug PKP, uma editora independente especializada em rap de rua. Esta capacidade de pensar além da música e de criar e solidificar estruturas mantém-se e já fez nascer outros dois projectos, a HeadBangerz e a Dirty Doc, esta última uma ambiciosa equipa de produção liderada por si, que deixa a porta aberta à colaboração com outros músicos e que o ajuda nesta nova caminhada.

O facto de estar com outros músicos em estúdio trouxe mais coesão à minha música”, começa por explicar. “Abriu-me portas para experimentar várias cenas e nunca ficar limitado à cena do sampling. O sampling é uma grande cena, é uma arte muito fodida e há poucas pessoas que sabem samplar como deve de ser. Mas acho que os instrumentos tocados vieram enriquecer a minha cena. Desde essa altura que passou a ser um must, uma obrigação, passar a minha cena a um músico e perguntar-lhe ‘o que é que achas?’ A coisa até pode ficar assim ou não, mas, regra geral, hoje tenho sempre alguém a tocar alguma coisa nos meus instrumentais.

O colectivo surge como consequência natural do trabalho que tem vindo a desenvolver com outros colegas. “Eu e o Rubik terminámos de trabalhar no álbum do Slow J e ficámos ‘o que é que vamos fazer agora?’ Decidimos alugar um estúdio com o Migz, nós os três. Começámos a bulir lá com o Julinho, os Instinto 26… Na altura decidimos criar um nome e surgiu Dirty Doc. O Migz eu já o conheço desde 2012/2013 mas começámos a estar mais vezes juntos, em estúdio, para aí em 2016. O Rubik foi nosso aluno na ETIC e desde que lhe dei aulas que senti que o gajo tinha bué talento. Curti a vibe e a postura dele. É um puto bué humilde e respeitador. São cenas que um gajo preza. A partir daí fui-lhe dando o toque para ele ir lá ter connosco e as cenas foram fluindo. Alugámos estúdio os três e surgiu a Dirty Doc. Agora tudo o que fazemos é para Dirty Doc. Passamos beats uns aos outros, samples, drums… Tocamos em cima de cenas uns dos outros. Achamos que faz mais sentido e que dá mais coesão à nossa música.

Sobre envergar num trilho a solo, o produtor confessa que esta é uma ideia que já vem de há algum tempo para cá, tendo apontado algumas das suas influências como exemplos, desde Alchemist a Dr. Dre — “Os meus produtores favoritos não são só produtores, também são vistos como artistas”. Mas a materialização deste sonho (com “The City is a Jungle”) não envolveu pressa e acabou por surgir naturalmente durante uma sessão de estúdio: “Nós temos estado a trabalhar com o Júlio desde o ano passado. Surgiu a oportunidade de estar com ele e com o Richie [Campbell] e boom.

A ideia para o single surgiu de forma bué natural. Nós já estávamos a passar muito tempo no estúdio a criar, fazer cenas, brincar e fazer dicas. Um dia decidimos dar o toque ao Richie para vir chillar connosco. Ele foi bué tranquilo e disse ‘ya, bora ouvir e fazer cenas’. Ele veio ter connosco, sentámo-nos a ouvir dicas, ele começou a curtir… Ele ouviu o beat e disse ‘é este aqui!’ Ele começa a escrever e entretanto o Júlio chegou. O Richie droppou o refrão, o Julinho sentiu a vibe e disse ‘Richie, então? Baza lançar esse mambo?’ Boom. A coisa ficou assim. Uma cena do caralho.

E quais serão os próximos passos de Fumaxa em relação a uma carreira a título individual? “Eu não tenho planos por causa desta merda do corona… É fodido um gajo dizer o que é que vai ou não vai fazer. Eu só vou deixar o tempo passar e ver se faz sentido apostar num projecto. Claro que eu curtia de fazer mais cenas com artistas portugueses, mas temos de ver. Até porque um gajo está com mais cenas em cima da mesa, estou a bulir em projectos de outros artistas… É uma questão de ver.”