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domingo, 16 de fevereiro de 2020
sábado, 15 de fevereiro de 2020
[NIT] Passámos um dia a viajar na Linha de Sintra: caos, desenrasque e frustração
A NiT relata um dia numa das linhas com mais utilizadores do País. Uma visão de um repórter que a frequenta regularmente e outra de quem raramente a usa. O resultado é semelhante.
As queixas acumulam-se: há protestos organizados, manifestos expostos em cartazes, chegam relatos aos emails e caixas de mensagens das redações e o tom é sempre o mesmo — o passe único foi ótimo como ideia, a sua introdução em abril do ano passado trouxe importantes poupanças de centenas de euros a milhares de famílias, mas o resto é que não acompanhou. O resto sendo a frequência de transportes, a sua pontualidade, e a qualidade de maneira geral.
Nas linhas de comboios urbanos que servem a Grande Lisboa, praticamente todos os dias há relatos de situações de atrasos, supressões, comboios nos quais não se consegue entrar de tão cheios que estão, pessoas a sentirem-se mal, esperas e frustrações. De Vila Franca de Xira a Cascais e Margem Sul as queixas são semelhantes. A NiT já lhe contou, na primeira pessoa, a experiência da viagem na Fertagus por quem já utilizava este serviço antes do novo Navegante e sente na pele as diferenças: e agora foi a vez de o fazermos na Linha de Sintra.
no interior de uma carruagem |
É claro que a situação não se repete todos os dias, 24 horas por dia. Quem consegue contornar ou evitar as horas de ponta da manhã e da tarde, vai frequentemente fazer o seu percurso de pé, porém de forma confortável, ou, com alguma sorte, até mesmo sentado.
No entanto, à hora de ponta, a incrível quantidade de pessoas que utiliza atualmente este transporte no sentido Sintra-Lisboa (de manhã) para ir para o trabalho e Lisboa-Sintra (à tarde) para voltar para casa é notória e indiscutível. Afinal, e de acordo com dados de 2018, Sintra é o segundo concelho do País com mais residentes, só atrás de Lisboa. No total são cerca de 388 mil pessoas. E a discrepância entre passageiros e carruagens disponíveis ou a frequência dos comboios é ainda mais visível.
Decidimos experimentar a Linha de Sintra num dia comum da semana, com o percurso da manhã a ser feito por quem basicamente já o repete todos os dias úteis da sua vida — e que sabe o que são atrasos e supressões, como era a situação há uns anos, como está agora, quais as diferenças.
Depois, fizemos o percurso inverso da tarde por quem raramente utiliza a Linha de Sintra, por viver e trabalhar em Lisboa; tendo assim uma perspetiva fresca e mais imparcial, recolhendo informações pontuais de quem foi encontrando. Este foi o resultado.
Sintra-Lisboa, 8h30 (por um utilizador frequente)
Desde 2013 que viajo quase todos os dias úteis (e não só) na Linha de Sintra. Têm sido vários os problemas ao longo dos anos do ponto de vista do utente — que se agravaram nos últimos anos do governo do PSD liderado por Pedro Passos Coelho, por causa do desinvestimento na empresa e das inúmeras e incontáveis greves que foram marcadas em resposta.
Sempre foi normal estarmos apertados dentro de um comboio em hora de ponta, mas nos últimos meses a situação tem vindo a piorar — talvez outubro e novembro de 2019 tenham sido alguns dos mais problemáticos. Apesar de haver comboios de dez em dez minutos nos horários com mais passageiros a circular (seja de manhã ou à tarde), basta haver um atraso ou uma supressão para muitos dos comboios seguintes estarem tão cheios que se torna literalmente impossível de entrar.
De manhã a situação tende a ser pior, porque a hora de ponta é mais concentrada — entre as sete horas e as 8h30, aproximadamente, costuma ser o período mais concorrido. Durante a tarde a hora de ponta é mais espaçada, pelo que, apesar dos problemas, muitas vezes a questão não é tão visível.
As mudanças nos passes Navegantes poderão ter aumentado o número de passageiros — embora a Linha de Sintra não seja o serviço de transportes mais afetado, até porque não era onde estavam os passes combinados mais caros. No entanto, isso não pode servir de justificação para as múltiplas avarias de sinalização (entre outras), os problemas nas composições, os atrasos e supressões, tudo aparente fruto do desinvestimento e complexos processos burocráticos. Isso só poderia justificar o aumento do número de pessoas dentro das carruagens.
Ao longo dos últimos meses foram várias as vezes que não consegui entrar em comboios de tão cheios que estavam — mesmo eu conhecendo os melhores sítios do cais de cada estação, onde normalmente existem menos passageiros —, algo que nunca tinha acontecido com frequência antes de 2019. Foram várias as vezes que vi pessoas ao meu lado a sentirem-se mal, apertadas umas contra as outras, e, claro, assisti ao aumento do nível de stress e tensão dentro dos comboios. Não é agradável acordar de manhã, cedo, e ter de passar por um tormento para chegar ao trabalho.
A redução dos preços dos passes e todas as medidas ambientais que estão a ser tomadas em Lisboa para a diminuição do número de carros a circular podem fazer todo o sentido, mas parece óbvio que necessitam de um sistema de transportes públicos que seja competente e que funcione bem: não se exige assim tanto, apenas que cumpram os horários a que se propõem chegar a cada destino e que aumentem o número de carruagens nas horas em que a quantidade de passageiros sobe drasticamente. Os problemas que encontro são diários e sistemáticos — pelo que nem vale a pena falar da experiência casual de apenas uma manhã.
Lisboa-Sintra, 17h30 (utilizador pontual)
Estação de Sete Rios, terça-feira, 11 de fevereiro de 2020, poucos minutos depois das 17 horas. Enquanto subo as escadas para a plataforma começo a ver o avolumar de gente. Carregar o Navegante, procurar a linha certa, confirmar os horários e eis que vem o comboio das 17h30, que teve origem na Gare do Oriente e vai até Sintra. Tento, juntamente com a fotógrafa que me acompanha, entrar numa carruagem e simplesmente não conseguimos. Corremos para outra mas o resultado é igual. Comentamos entre as duas o inevitável: “bom, começa bem”.
Sem crise, espera-se pelo próximo, afinal de contas são só 10 minutos. Só que não. Nos altifalantes, ecoa a informação de que o próximo comboio está 12 minutos atrasado — o que quer dizer que o das 17h40 já só vai passar em Sete Rios às 17h52. Esperamos pacientemente os 22 minutos e eis que chega: novamente cheio. Como estávamos à frente da linha de espera conseguimos entrar, não sem sermos completamente apertadas por quem tenta afincadamente ainda entrar depois de nós. “Não vale a pena vir neste, o próximo vem já a seguir e há-de vir melhor”, grita o revisor, que fica à porta da nossa carruagem, para quem ainda tenta espremer um pouco mais para conseguir entrar. “Pois, mas este já era o meu próximo”, comenta alguém entre dentes; exatamente como para nós.
À entrada do comboio |
O resto da viagem, até Queluz, foi assim; em Benfica houve um ligeiro alívio, depois voltou a encher. Sempre apertados, sem chegarmos sequer com a mão ao corrimão. O revisor era uma simpatia, sempre a conversar sobre o coronavírus, como as lojas dos chineses não merecem o nosso abandono, os horários, de tudo um pouco.
Só não consegue é verificar títulos de transporte, porque ele próprio não se consegue mexer. Foi comentando com uma senhora que tinha havido um atraso de 40 minutos em Entrecampos porque alguém tinha prendido uma porta. “Sim, não costuma estar assim tão mau a esta hora”, responde a senhora. Alguém resmunga o contrário e na estação a ideia também não era bem essa: os utentes com que falámos contam que há dias e dias, claro, mas as horas de ponta são quase sempre criticas. Volta tudo ao mesmo: o novo passe foi ótimo, mas viajar nas piores horas é caótico, há falta de comboios, atrasos diários, desconforto. “Sempre houve atrasos e supressões mas nunca esteve tão mau”, dizem-nos.
Não é fácil, sobretudo para quem viaja com miúdos. Sinceramente nem consigo imaginar. Numa das estações, sai uma mãe com um bebé de colo e um miúdo de uns quatro anos pela mão, que diz assim que chega à rua “anda, embora, estava tão apertado”.
Chegando a Queluz voltamos para trás, fazendo o caminho inverso: com lugar sentado e num comboio quase vazio, lá está. De volta a Sete Rios ainda espreitamos a estação mas parece estar tudo lá de novo: o avolumar de pessoas tanto no cais do comboio de Sintra como no da Fertagus, a voz nos altifalantes a referir um atraso de cinco minutos e a pedir desculpa pelo incómodo. De quem não costuma fazer este percurso parece claro: são só umas horas, mas são mesmo más. Mas e quem tem de as fazer?
O passe único entrou em vigor a 1 de abril de 2019 e acabou com as centenas de títulos combinados para a utilização dos transportes coletivos, trazendo apenas duas configurações. Atualmente só precisa de escolher entre dois títulos, o Navegante Municipal de 30€ e o Navegante Metropolitano de 40€, consoante a área que quiser utilizar. Ambos são para todos os transportes, o primeiro só para deslocações no concelho de Lisboa e o segundo em toda a área metropolitana.
A NiT contactou a CP para obter informação sobre a situação do aumento de utentes e da resposta que vai ser dada. A empresa respondeu que, na linha de Sintra/Azambuja circulam, em média, mais de 9.900 comboios por mês. O índice de regularidade (indicador que mede o número de comboios programados vs o número de comboios realizados), no último trimestre de 2019 e já no mês de janeiro de 2020, foi da ordem dos 99%, “o que significa que 99% dos comboios programados foram realizados”.
A CP acrescenta ainda que o número de passageiros transportados nestes comboios, entre janeiro e novembro de 2019 (uma vez que dezembro não está ainda fechado), comparado com o mesmo período de 2018 teve uma variação positiva de cerca de 21,8%, refletindo, também, o impacto da introdução do programa PART (Apoio à Redução Tarifária nos Transportes Públicos).
Os dados são claros: o número de passageiros transportados na Linha de Sintra/Azambuja, de janeiro a novembro de 2019 foi de 62,850 milhões, face aos 51,615 milhões do período homólogo de 2018.
Sobre as medidas previstas para acompanhar esta subida de utentes, a empresa também se pronuncia, lembrando que, tal como o Ministro das Infraestruturas e da Habitação e o Presidente da CP já referiram em várias ocasiões, está em curso a implementação do plano estratégico para a CP, estando já concretizadas medidas que foram aprovadas em 2019 pelo governo. Estas incluem a Assinatura do Contrato de Serviço Público e a Reabertura da Oficinal de Guifões. Está também em curso a recuperação de material circulante nas oficinas CP.
Especificamente para a linha de Sintra, no âmbito do programa de recuperação de material circulante, a CP confirma que “está a trabalhar para disponibilizar, até ao final de 2020, oito automotoras elétricas para reforçar o parque de material circulante em unidades e, consequentemente, a capacidade de transporte”. A entrada em serviço destas unidades representará oito mil novos lugares adicionais aos atualmente existentes, até ao final deste ano. A recuperação dos comboios já está ser feita nas oficinas da CP, no Entroncamento.
quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020
quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020
Exposição "das Trincheiras ao Hospital"
O regresso da exposição temporária sobre o impacto da Grande Guerra nos cuidados de saúde em Portugal, incluindo sobre os ex-combatentes, agora visitável em Sintra.
Das Trincheiras ao Hospital:
Portugal, Saúde e Grande Guerra
A participação portuguesa na Grande Guerra teve consequências políticas, económicas e sociais que se sentiram nas décadas seguintes e que tiveram também um impacto na área da saúde. Através da mobilização de mais de 100 000 homens, a jovem República Portuguesa (1910) esperava obter o reconhecimento internacional e proteger as colónias africanas dos interesses britânicos e alemães.
Apesar de parecer contraditório, a Primeira Guerra Mundial despoletou um conjunto de avanços técnicos e científicos na saúde. Mas esta guerra total marcaria para sempre a vida de muitos homens, que regressaram com traumas físicos e psíquicos, e que rapidamente caíram no esquecimento.
Através de um conjunto de objectos, fotografias e vídeos, esta exposição relata este duplo impacto da Grande Guerra na saúde em Portugal.
Comissários: Helena da Silva e José Picas do Vale
Datas: 21 de Fevereiro a 30 de Abril de 2020
Horário: 9h-17h de Segunda a Domingo, mediante marcação prévia para o email museu@isjd.pt
Localização: Museu São João de Deus (Mem Martins, Sintra)
ENTRADA LIVRE
domingo, 9 de fevereiro de 2020
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