Em tempos de festas populares e preparação para as eleições autarquias em todo o pais, relanço o texto escrito por mim, que foi publicado no Jornal Correio de Sintra, em Setembro do ano passado, sobre as festas de Nossa Senhora da Natividade em Mem Martins.
Deixo as minhas palavras para reflexão.
Festas de Mem Martins
As pessoas de Mem Martins, baseadas na dedicação e orgulho da construção da Capela de Nossa Senhora da Natividade, organizaram pela primeira vez as festas em honra da padroeira de Mem Martins, em 1933. Assim, desde esse ano, o primeiro fim-de-semana de setembro tornou-se numa referência para a população local, para os forasteiros de aldeias vizinhas e para os habituais veraneantes que escolhiam Mem Martins como seu local de férias, pois estes ares eram reconhecidos como benéficos para a saúde.
Estas festas tornaram-se numa vaidade para as gentes desta terra, com os seus animados bailes, a habitual iluminação festiva e a procissão bem ornamentada com os andores, os cargos e as fogaças. No último dia, realizavam-se as tradicionais cavalhadas à antiga portuguesa.
Durante a sua história, foram ocorrendo diversas atividades dignas de destaque, como por exemplo em 1939, uma gloriosa Parada Agrícola e Pecuária, com a participação de um grande número de lavradores locais, com carros alegóricos e os seus animais, e com atribuição de prémios aos melhores. Em 1983, na comemoração dos 50 anos, decorreu uma mostra de atividades industriais de Mem Martins e uma noite dedicada a uma das mais antigas tradições da terra, o fabrico de queijadas. Era possível assistir à elaboração da casca, do recheio e posterior ida ao forno, num cenário representativo de uma fábrica do final do Século XIX. No final, ainda quentinhas, eram distribuídas pela população presente na festa.
Misturando o culto religioso com uma festividade pagã, o povo entregava-se ao evento, onde as jovens raparigas locais dedicavam o seu tempo na preparação da habitual quermesse, angariando os prémios porta-a-porta e elaborando as rifas que seriam colocadas nos cestinhos para venda…
No entanto, com o passar dos anos, estas festas começaram a transformaram-se num incómodo para muita gente, e cada vez menos interessantes para a população. Este ano, existiam dois fortes motivos para tornar este evento grandioso: a angariação de fundos para a nova igreja (…que parece não passar da primeira pedra) e os 50 anos da freguesia.
O povo gosta de festa e animação, mas os órgãos autárquicos de Algueirão Mem Martins parecem não perceber o povo. Este ano, e mais uma vez, a festa de Nossa Senhora da Natividade foi um local de pouco interesse, com pouco para ver… aliás, nem existiu a habitual iluminação festiva.
Nos dias de hoje, é imperioso imortalizar as tradições, trazendo as pessoas às suas origens, e explicando a todos um pouco da sua história. Por todo o país, adaptam-se festividades e nascem novos eventos de sucesso: “Feira da Cereja”, “Festa do Chocolate”, “Festival da Vindima”, etc…
Aqui deixo a minha sugestão: criação de uma feira temática local, por exemplo “Festa da Queijada”, acompanhado com algum teatro de rua, representativo da vida rural nesta antiga aldeia saloia. Seria interessante criar um símbolo positivo para Mem Martins…
Acho que a população agradecia…
Acho que a população agradecia…