Tempo em Algueirão Mem Martins

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

[Jornal de Sintra] A inauguração do Cine-Teatro Chaby


Excertos de noticia do 'Jornal de Sintra' 
de 7 de Setembro de 1947

A CONSAGRAÇÃO DE UMA GRANDE OBRA
O que foi a inauguração em Mem Martins do Cine-Teatro 'Chaby'
a melhor sala de espectáculos do concelho


A criação do Cine-Teatro «Chaby» vale duplamente, pelo que representa de esforço construtivo, de amor bairrista, e como perene consagração dum dos maiores - senão o maior - vultos da cena portuguesa: o grande actor Chaby Pinheiro, que se finou em Algueirão, pouco tempo depois de emprestar o seu desinteressado concurso a uma humilíssima festa de beneficência, que ali se realizou num tosco barracão.

Chaby Pinheiro
Já passava das 22 horas, com a sala completamente cheia, quando foi dado inicio à sessão cinematográfica. Muitas senhoras emprestavam brilho à festa. No balcão inúmeros convidados, artistas, críticos de cinema, técnicos da Lisboa Filmes, jornalistas. Na plateia Algueirão e Mem Martins em peso, muitas pessoas de Lisboa e bastantes de Sintra.

prof. dr. Joaquim Fontes
Entre os presentes lembra-nos ter visto os srs.: prof. dr. Joaquim Fontes, Lúcio Mendes, sub-director do Conservatório Nacional, o actor Villaret, os técnicos da Lisboa Filmes srs. Francisco Quintela, Henrique Domiguez, António Redondo e Fernando Cruz, o critico de cinema sr. Faria da Fonseca, etc.

Nos camarotes do primeiro balcão tomaram lugar os srs. dr Mário Madeira, governador civil de Lisboa, engº Carlos Santos, presidente da Câmara de Sintra, cap. Américo dos Santos, vice-presidente, e alguns vereadores.

O espectáculo abriu com documentário «O dia do luzito», consagrado à Mocidade Portuguesa. Seguiu-se «Sinfonia de Cristal», magnifico filme das grandes actividades videiras da Marinha Grande, de grande beleza fotográfica, cheio de luz e de interesse documental, esplêndida produção da Lisboa Filmes que já trabalha com acerto e segurança este género difícil de películas. Depois, «70 anos de Mutualismo» mostrou-nos com claresa toda a obra maravilhosa da prestimosa «Associação de Socorros Mútuos dos Empregados do Comercio». E o publico repousou a vista, agradado desta primeira parte do espectáculo, onde teve o prazer de admirar lindas imagens reproduzidas fielmente pela magnifica aparelhagem Western Electric.


Na segunda parte da sessão foi apresentado o filme «Três Espelhos» última produção da Lisboa Filmes, executada nos seus estúdios e laboratórios e realizada por Ladislau Vajda, com João Villaret no protagonismo.


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Novo intervalo e o espectáculo continua agora com um acto de consagração à memória de Chaby Pinheiro. Abre-o o actor Vasco Santana, que fala em nome do Grémio dos Compositores Teatrais...

No acto de variedade que se segue Vasco Santana recita um conhecido monólogo da comédia o «Conde Barão», imitando Chaby Pinheiro com graça e verdade; Ribeirinho recita «Rataplam», monólogo do reportório do grande actor; Costinha diz «Cantor maluco» e faz um dialogo cheio de humor com Luisa Durão.

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Num dos corredores deparou-se-nos o sr. eng. Carlos Santos, Presidente da Câmara Municipal. Amavelmente diz-nos, acerca do
Cine Teatro «Chaby», numa resposta pronta: "Incontestavelmente uma boa obra, mesmo uma grande obra que muito veio valorizar o concelho e muito especialmente Mem Martins e Algueirão. Esforço digno de registo, aliado a uma grande coragem e espírito de iniciativa. A construção desta casa veio dar uma grande lição a Sintra, onde se debate ainda uma velha questão sobre a possibilidade de poderem ou não existir dois cinemas na vila... "

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"Creio até que de Sintra virá também muita gente, especialmente quando estiver concluída a avenida da Portela a Mem-Martins que passa à porta do cinema. Depois será um passeio de Sintra até cá."

- E as obras da Avenida continuam? - atalhamos
- Certamente. O sr. ministro das Obras Publicas já aprovou a verba necessária para os trabalhos.

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- Quer dizer-nos alguma coisa sobre o Cine Teatro «Chaby»?
- É uma magnifica sala de espectáculos, tem boas condições acústicas, moderníssima aparelhagem sonora e de projecção, mas o som não está ainda devidamente regulado, pois é susceptíveis de melhorar bastante. Compreende, é uma aparelhagem muito aperfeiçoada e complexa e é preciso estudá-la melhor para se tirar dela o rendimento máximo.

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 Alfredo Pimenta Araújo , presidente do «Progresso Clube», cavaqueava numa roda de amigos:
- Como presidente do nosso clube, como encaras tu, velho amigo, a criação do Cine-Teatro?
- Como um útil e grande empreendimento para Algueirão e Mem Martins. Digna de todos os louvores, esta iniciativa merece ser encarada com o máximo apreço e oxalá que o público a compreenda e corra a prestar o concurso da sua presença sem a qual não haverá empresa que possa manter-se.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

Festas de São José - Algueirão 2019



Vale de Porcas

"A Ti Matilde, mulher do Cipriano, morava em Vale Flores, terreola situada à meia encosta entre S.Pedro e Mem Martins, também conhecido por Vale de Porcas.

Até aos anos quarenta pouquíssimas pessoas aí residiam. Além do casal já referido, talvez mais meia~dúzia de famílias, se tanto.

Comércio não havia. E para se comprar qualquer coisa, só nas localidades circunvizinhas: S.Pedro, Mem Martins ou Ranholas.


Pendia para Mem Martins a Ti 'Matilde de Vale de Porcas', como por todos era conhecida.

Mais por habituação que por necessidade, quase diariamente fazia o trajecto "Vale de Porcas - Mem Martins" e apesar da sua avançada idade, fazia-o "com uma pernas às costas".

Para baixo, sempre a descer, era um saltinho:"Carvalheira", "Mato das Carreiras", "Eiras"... não custava nada..."
Excerto de Texto retirado do livro " Mem Martins - Retratos", de Zé de Fanares


quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

antiga poesia de Mem Martins

no antigo Mem Martins, pequeno aglomerado saloio, existia a sua poesia oral, que se foi perdendo ao longo dos anos...

'O lugar de Mem Martins
de pequenino tem graça;
Tem uma fonte no meio,
dá de beber a quem passa'

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

Feras à solta

Noticia de 31 janeiro de 1926

Na pacata povoação de Mem Martins, no domingo p. p., quando os habitantes estavam reunidos num baile no edifício da escola, que por iniciativa dos mesmos habitantes estão construindo, foram alarmados cêrca das 23 horas, por um grupo superior a vinte indivíduos que com um instincto feroz, assaltaram o referido edifício, armados de pistolas, armas caçadeiras, armas brancas, paus, etc., e sem respeitarem mulheres nem crianças, despejaram à doida tiros, sôbre a numerosa assistência, que por milagre não temos a registar mortes, devido à escola à escola não ter o soálho e por este motivo as janela ficarem a altura superior às pessoas que ali se encontravam, ficando a parede em frente das mesmas cravejada de balas, não escapando porém as pessoas que apesar de desarmadas tiveram a coragem de sair ao encontro dos malfeitores que se encontravam em grupo em frente do referido edificio que os agrediram de todas as formas que lhes foram possíveis, sendo 12, o numero de feridos, incluindo crianças, apesar da ferocidade dos assaltantes, fugiram em debandada ao serem perseguidos pelos homens que pacatamente assistiam ao baile em regosijo pelo adiantamento dos trabalhos que a escola ultimamente tinha tido.
Oxalá que as autoridades deste concelho saiba castigar todos os culpados deste tão lamentável caso, que felizmente entre nós não é vulgar.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

[sintranoticias] Obra do novo Centro de Saúde de Algueirão-Mem Martins só terá início no final deste ano

Basílio Horta alertou o Governo, em setembro do ano passado, para o atraso no início da construção do novo Centro de Saúde de Algueirão-Mem Martins
A Câmara Municipal de Sintra vai repetir o concurso público para a construção do novo Centro de Saúde de Algueirão-Mem Martins. Segundo o jornal Correio de Sintra, o empreiteiro que ganhou o concurso, no início de 2018, desistiu da obra, depois de ter esperado mais de um ano para o ato de consignação que permitia iniciar a construção dos edifícios.
“Estivemos praticamente um ano à espera da portaria de extensão de encargos, documento obrigatório para o visto do Tribunal de Contas e que permite iniciar a obra”, segundo fonte da autarquia sintrense citado pelo jornal Correio de Sintra. A portaria de extensão de encargos é um documento passado pelo Governo que confirma a autorização de verba para o investimento, mas demorou praticamente um ano a ser disponibilizado ao município.

Perante esta demora, o empreiteiro desistiu de fazer a obra, direito que a lei lhe confere se o contrato assinado não for concretizado no prazo de 6 meses. O município de Sintra vai agora lançar, nos próximos dias, novo procedimento de concurso público para ser possível adjudicar a obra nos próximos 4 meses.
BASÍLIO HORTA LANÇOU ALERTAS EM SETEMBRO DO ANO PASSADO
Basílio Horta alertou o Governo, em setembro do ano passado, para o atraso no início da construção do novo Centro de Saúde de Algueirão-Mem Martins.

“Temos neste momento mais três centros de saúde em construção e, só não temos quatro porque ainda não foi publicada pelo Governo a portaria de extensão de encargos”, revelou o autarca no aniversário do Partido Socialista de Queluz.
Basílio Horta lembrou que a Câmara de Sintra lançou o concurso público, de cerca de 4 milhões de euros, desta empreitada e podia começar a obra de imediato, no entanto estava a aguardar, há vários meses, a publicação desta portaria para poder iniciar a obra que considerava ser “uma das mais importantes no nosso município”. “Temos tudo pronto para começar a construção, mas o processo está parado no Tribunal de Contas porque falta essa portaria”, alertou o autarca.
CENTRO DE SAÚDE DE ALGUEIRÃO-MARTINS SERÁ UM DOS MAIORES DO PAÍS
O novo centro de Algueirão-Mem Martins terá quatro unidades de saúde familiar independentes que vão servir cerca de 62 mil pessoas, tornando-o um dos maiores do país. As quatro unidades serão compostas por 32 gabinetes de consulta e 20 gabinetes de enfermagem e tratamento num investimento de cerca de 4 milhões de euros.

A Câmara Municipal de Sintra, responsável pela execução da obra, ofereceu o terreno e avançou com a demolição dos edifícios, para além de financiar 30% da totalidade do investimento. O Governo financia os restantes 70%, estando a verba já prevista no orçamento de Estado, apesar de não ter sido publicada a portaria de extensão de encargos.