Existe uma cruz entre a Linha do comboio e o Bairro da Coopalme, no Algueirão, que certamente já terá despertado a curiosidade de muito:
- Que cruz será aquela?
- O que terá ali acontecido??
Rodrigo Maurício Corrêa Henriques
Nasceu: Lisboa 22.03.1887
Morte: 03.09.1906
Pai: Pedro Mauricio Corrês Henriques (2ºconde de Seisal) - 27.11.1846
Mãe: Maria Germana de Castro Pereira - 19.06.1860
No livro "Mem Martins Retratos - Zé de Fanares", encontrei uma história a retratar o acontecimento aqui ocorrido...
"A área delimitada a norte pelo casal de vale de Milho e Casal da Cavaleira, a Sul pela estrada Lisboa-Sintra, a nascente por Algueirão e Mem Martins e a poente por Ranholas e Vale de Flores era, por excelência, uma zona privilegiada da caça; principalmente coelhos e perdizes. Dizia-se até que o rei D.Carlos, quando de férias em Sintra, gostava de dar o seu tirito por estas bandas.
Verdade ou mentira não se sabe ao certo, sabe-se isso sim, que um membro da família da realeza, filho dos condes de Seisal, quando por ali caçava sofreu um acidente, com a arma, causando-lhe a morte imediata. O infausto acontecimento está perpetuado com um cruzeiro onde se pode ler a seguinte inscrição: "Aqui faleceu o meu querido Rodrigo Maurício Corrêa Henriques (Seisal) no dia 3 de Setembro de 1906, aos 19 anos".
A desolada mãe deslocava-se semanalmente ao local do desastre e aí, conjuntamente com um grupo de rapariguitas de Mem Martins, suas alunas da catequese na igreja de S.Pedro, rezava o terço, com todo o fervor e respeito, pelo eterno descanço do seu "infortunado menino" - palavras dela.
A piedosa senhora, acabadas as orações, distribuía um tostão (naquele tempo era obra!) a todos os presentes, facto que ao constar fez engordar o nymero de acólitos. Toda a minha gente, sempre que topava o trem da Srª Condessa, largava o que estava a fazer e "ala que se faz tarde" até à cruz, a fim de trocar meia dúzia de padres-nossos e outras tantas avé-marias pelo tostãozinho da ordem.
A Claudina Rosa, já crescidota, sempre mordaz e brincalhona, enquanto a maioria acompanhava em respeito a desolada mãe nas fervorosas orações, ela "rezava" entre dentes uma reza inventada por ela: "Venho aqui com toda a devoção pedir à Srª Condessa que não se esqueça de me dar um tostão"
E no fim entoando com as demais rematava, religiosamente: "AMÉN"
O titulo de Conde de Seisal foi criado por decreto de 26 de Janeiro de 1871 do rei D.Luis I de Portugal, a favor de José Mauricio Correia Henriques
Quatro pessoas usaram o título:
1. José Maurício Correia Henriques
2. Pedro Maurício Corrêa Henriques, 2º conde de Seisal
3. José Maurício Corrêa Henriques
4. Pedro Maurício Corrêa Henriques, 4º conde de Seisal
Após a implantação da República e o fim do sistema nobiliárquico tornou-se pretendente Maria Luísa Corrêa Henriques (1940-).