21.10.2014 - 22:18
A Câmara de Sintra aprovou, por maioria, submeter a discussão pública o
Plano de Pormenor da Abrunheira Norte, que prevê a construção de mais uma
grande superfície da Sonae no final do Itinerário Complementar 19.
O Plano de Pormenor da Abrunheira Norte
(PPAN) abrange uma área de cerca de 70 hectares, delimitados pelo IC19
(Lisboa-Sintra), Autoestrada 16 (CREL-Cascais) e EN 249-4 (junto ao Leroy
Merlin), para a construção de uma área comercial, de serviços,
hotelaria e parque urbano e temático, "Sintra dos Pequeninos",
com miniaturas de monumentos da vila.
Na reunião do executivo, o presidente da
autarquia, Basílio Horta (PS), explicou que o projeto "é a cidade da
Sonae" e que o "investimento global é da ordem dos mil milhões de
euros, com 600 postos de trabalho diretos".
O plano teve início em 1998, por
iniciativa do Carrefour, entretanto adquirido pelo grupo proprietário dos
hipermercados Continente, e integra a Área Urbanística de Génese Ilegal (AUGI)
de Colónia e Sesmarias.
Além de uma área comercial,
com cerca de 20 mil metros quadrados, o plano prevê espaços para serviços,
unidade de saúde, dois hotéis e loteamentos de habitação unifamiliar,
num total previsto de cerca de mil habitantes.
O parque urbano temático, com
um circuito de manutenção e ciclovia, estende-se por dez hectares e inclui
zonas de estadia e equipamentos na "Sintra dos Pequeninos", que
consiste em elementos escultóricos ou construtivos reproduzindo os principais
monumentos da vila classificada pela UNESCO como património mundial.
Numa área adicional de quatro hectares
desenvolve-se o parque de recreio e lazer, associado à ribeira de
Caparide-Manique, estando ainda prevista uma bacia de retenção na confluência
com outra linha de água.
O plano considera uma distribuição
multifuncional de usos do solo repartida em 32% para atividades económicas e
turismo, 22% com função residencial e 42% para usos de recreio, lazer, proteção
e enquadramento e espaço rústico de produção (hortas comunitárias).
"Zona com sobrecarga de áreas
comerciais"
O vereador Pedro Ventura justificou a
abstenção da CDU na votação do plano por este ter "muitos aspetos
positivos", como o parque urbano, as áreas de hotelaria e de serviços, a
requalificação da AUGI, mas apontou como negativa "a área comercial de
grande dimensão".
"Naquela zona existe uma sobrecarga
de áreas comerciais", frisou o autarca, mencionando o Fórum Sintra e o
futuro centro comercial Jumbo, a construir no nó de Mem Martins do IC19.
Pedro Ventura defendeu que "seria
mais interessante naquela zona outro tipo de serviços, ligados à química, à
farmacêutica ou mesmo de serviços partilhados".
O vereador independente Marco Almeida, que
se absteve na votação, valorizou a oportunidade de investimento, mas notou a
importância de ser acautelada a questão da "mobilidade numa zona que tem
uma intensa procura" e "que é uma zona estratégica do concelho".
"É um dos investimentos mais
importantes que Sintra teve, senão o mais importante", vincou Basílio
Horta, acrescentando que "a parte comercial é uma pequena parte de tudo o
resto", nomeadamente dos hotéis e da saúde.
O autarca admitiu que a câmara pode "discutir
até ao limite a redução da parte comercial", mas trata-se de uma
propriedade privada e o plano vai permitir requalificar um espaço importante do
concelho.