Diz-se que, muito antes de existirem comboios, estradas ou casais alinhadas, o lugar que hoje chamamos Algueirão era apenas campo, pinhal e pedra, encostado à serra de Sintra, onde a Lua tinha um brilho especial. Nessa época, os pastores e lavradores falavam de uma fonte escondida, de água tão clara que refletia o céu como um espelho.
A fonte nascia entre rochas cobertas de musgo, perto de uma gruta — daí, segundo os mais antigos, veio o nome Algueirão. Mas não era uma fonte comum.
Contava-se que só aparecia a quem andasse perdido, ou a quem tivesse o coração inquieto.
Numa noite húmida de verão, um jovem pastor regressava tarde a casa quando se desorientou com o nevoeiro que descia da serra. Com sede e medo, ouviu então o som de água a correr. Seguiu-o e encontrou a fonte, iluminada por uma luz, como se a lua ali repousasse.
Ao beber, sentiu um descanso profundo, mas também uma estranha clareza: viu imagens do futuro — campos transformados em ruas repletas de pessoas e crianças a brincar onde antes havia silêncio.
Quando o pastor tentou voltar à fonte no dia seguinte, nunca mais a encontrou. Mas a água nunca faltou àquela terra, mesmo nos anos de seca, aquele lugar prosperou.
Ainda hoje, dizem os mais velhos, que quando o nevoeiro cobre Algueirão ao amanhecer, a fonte volta a correr por instantes — invisível, mas presente para quem sabe escutar.

















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