(residente na vila)
Descobri há pouco tempo através do meu filho de 15 anos que
um rapper de Mem-Martins chamado Bispo se tinha tornado conhecido com uma
musica chamada “Mentalidade Free” cujo refrão “ 2725 Algueirão Mem Martins”
era cantado por muita gente em Portugal que gosta de hip-hop; a citação é
interessante porquanto através de um código postal – naturalmente desligado de
qualquer identidade, não passa de um número, se retrata um pouco da forma como
os jovens actuais vêem e sentem a sua terra.
O desenraizamento e a pouca noção da história, dos costumes
e tradições – que naturalmente foram sendo apagadas da freguesia, tornam esta
identificação com um sítio um tanto ou quanto complexa e desconexa. A minha infância há mais de 40 anos foi passada na rua, conhecíamos os cantos todos de
Mem-Martins. Tanto podíamos estar uma tarde a tentar apanhar rãs na fonte de
chafurdo junto aos casais de Mem-Martins (fica junto ao Modelo) como a seguir
organizávamos um jogo de futebol entre a Praceta Manuel Rodrigues da Silva –
que até há cerca de 18 anos era de terra batida, para quem não sabe é a Praceta a seguir ao Millenium BCP - contra o bairro de S.Carlos; no campo velhinho do
Mem-Martins Sport Clube e antes de haver a Quinta do Recanto, arranhei muitos
joelhos e vi muitos jogos de futebol...até a Escola Primária Guerra Junqueiro
ficava encostada ao campo da bola, muitos dias da minha infância foram passados
naquelas dezenas de metros quadrados...
Quando falo em identidade percebo que ela é criada pelas coisas que partilhamos e pela forma como nos orgulhamos do espaço em que habitamos porque afinal essa também é a nossa casa e também ela cria a nossa identidade. O futuro passa por defendermos um a um ou juntamente com todos, a nossa capacidade de nos assumirmos como uma comunidade consciente e que se transcende na criação dessa comunhão cívica.
Quando falo em identidade percebo que ela é criada pelas coisas que partilhamos e pela forma como nos orgulhamos do espaço em que habitamos porque afinal essa também é a nossa casa e também ela cria a nossa identidade. O futuro passa por defendermos um a um ou juntamente com todos, a nossa capacidade de nos assumirmos como uma comunidade consciente e que se transcende na criação dessa comunhão cívica.