Marilinda, proprietária, estava ao balcão, enquanto o marido conversava com
um cliente, num local mais afastado. "aaa, irrompeu um jovem
pela porta do café de Casais de Mem Martins, concelho de Sintra. Em segundos se
perceberia, porém, que o tão bem educado rapaz não chegava com as melhores
intenções. “Ora, então, o que vai ser?", perguntou a mulher, de 59 anos.
"Todo o dinheiro da caixa", respondeu o afinal assaltante, aí já bem
menos cortês. É que nem sequer um ‘se fizer o favor’ a terminar o pedido, efetuado com uma
pistola apontada à cabeça da vítima. A comerciante não teve outra solução que
não fosse abrir a registadora e entregar ao criminoso a quantia que ali
guardava. Eram 300 euros, mais coisa, menos coisa, um valor que já deixou
satisfeito o falso cliente, preparando- -se para escapar com um rasgado sorriso
nos lábios.
Adolfo, o companheiro de Marilinda, é que não esteve pelos ajustes
ao aperceber-se do que se estava a passar. Qual pistola, qual quê? Pegou numa
cadeira que se encontrava a jeito e acertou com perícia nas costas do
assaltante. Menos sorridente e sem tempo para queixas, o jovem, embora agora meio
de lado, continuou a heróica fuga pela estrada fora e mal sabendo o que ainda o
esperava. Um amigo dos donos do café, que assistira a toda a cena, arrancou no seu
automóvel e, azar dos azares, ‘esqueceu-se’ de travar ao aproximar-se do
suspeito. Se "até as vacas podem voar", senhor primeiro-ministro António
Costa, devia ter visto este ladrão a imitar um Boeing 747. O rapaz lá aterrou e
também logo se levantou, revelando uma perseverança digna do melhor atleta de
decatlo. Agarrado ao dinheiro e à arma e apesar dos visíveis ferimentos,
conseguiu escapar, com a ajuda de um comparsa que tinha ficado à espera nas
imediações. Uma cansativa corrida, uma cadeirada, um atropelamento e, muito provavelmente,
vários ossos partidos depois, o homem conseguiu levar os 300 euros. O problema?
As contas de subtrair. Desde logo, ter de dividir com o cúmplice que o salvou.
A seguir, do que restar da pequena fortuna, gastar uma grande parte em pomadas
e analgésicos, no melhor dos casos. Ou numa cirurgia para retirar a costela de
um pulmão perfurado, no pior cenário. Afinal, bem vistas as coisas, o ladrão
corria o risco de não ter trabalhado sequer para uma boa sandes de mortadela. Razão
tem o outro: assim, mais vale pedir do que roubar. Ufa.
Sem comentários:
Enviar um comentário