No final dos anos 80, início dos 90, quando a vida parecia correr mais devagar, havia um ritual silencioso que unia os jovens de Algueirão-Mem Martins: encontrar-se nos antigos salões de jogos. “Pano Verde”, "Armindo" e o “Estrela do Minho” eram quase templos, sons metálicos e aquele cheiro inconfundível da adolescência.
Ali, entre risos, desafios e a pressa de ser o próximo a jogar, gastávamos todas as moedas que conseguíamos juntar. Os homens jogavam, e as raparigas mais amigas, ou interessadas aproximavam-se das máquinas para ver, onde desta forma conseguimos sentir o aroma do seu tradicional perfume. Elas também gostavam de gastar moedas a jogar "Pac-Man"
Com os dedos em ação, nada batia a sensação de agarrar o volante daquele Ferrari Vermelho no “Out Run”, com o vento imaginário a bater-nos na cara, ou a emoção de lançar golpes frenéticos em “Street Fighter”, acreditando que, daquela vez, seríamos imbatíveis.
Eram tardes inteiras presas num brilho elétrico. Cada derrota, apenas mais uma desculpa para pedir outra moeda. Hoje, lembramos esses salões como pequenas cápsulas do tempo — lugares onde a amizade se fazia em fichas, e a felicidade cabia dentro de um ecrã de arcada. Nostalgia pura, dessas que ainda sorri sozinha quando a memória acende. Naquelas salas fiz muitos amigos....

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