Curioso foi o facto de no passado dia 12 de Julho, me ter deliciado na RTP Memória a ver a Peça de Teatro "Há Petróleo no Beato". Provavelmente quem não conhece esse registo de Raul Solnado deve estar a perguntar o que isso tem a ver com a Vila de Algueirão - Mem Martins.
O pacato Juvenal Costa, taxista que mora com a família no Beato. A sua casa é minúscula, tem inúmeras dificuldades económicas e está mesmo em risco de perder o táxi por não ter dinheiro para as prestações. Vive com a mulher e a filha e portas a dentro está sempre uma vizinha que se dedica à adivinhação, o namorado da filha e um "menino rico", sempre charrado.
Um dia em que a mulher vai apanhar uma alface ao quintal para fazer uma saladinha, surge o inesperado: jorra petróleo do buraco.
Estando-se em plena crise mundial do petróleo, surgir assim um poço em Portugal, revoluciona tudo. Juvenal já se considera rico, os poderes nacionais e internacionais querem dialogar com ele, torna-se famoso e é assediado por todo o lado. O assediador mais persistente é o compadre do Juvenal, um espertalhaço, que quer à viva força comprar a casa do taxista.
Uma das vertentes interessantes da história é o facto de a personagem principal, estar interessada em trocar o Beato em Lisboa, pelo descanso do Algueirão. Em 1986, o Algueirão ainda era visto como uma zona calma, com uma excelente qualidade de vida, para onde efectivamente valia a pena vir morar. A Tapada das Mercês ainda era verde. Ouressa ainda era verde. A Coopalme e a Cavaleira não existiam. Quase não existiam prédios no Algueirão. Era sem duvida uma zona calma e pacata. Que saudades desse Algueirão, que há muitos anos atrás era uma zona de descanso e repouso, e para onde vinham passar os fins de semana, gente rica de Lisboa.
A ultima imagem desta produção é fantástica, quando é filmada a rua para onde Juvenal Costa (Raul Solnado) veio viver, e também descobrir petróleo, uma rua praticamente deserta, e sem movimento, perto da estação de comboios, mas que capta a imagem de um Fiat Ritmo branco, pertencente à escola de condução.
Provavelmente, quem vive nesta terra há muitos anos, aprendeu a conduzir num carro daqueles, e tem na memória este carro. Mesmo quem nunca o conduziu, lembra-se de os ver circular nas ruas pouco movimentadas desse tempo.
Esta produção da RTP termina com essa imagem, e com o grito do Raul Solnado: "Há Petróleo no Algueirão". Vou tentar arranjar essas imagens.
A morte do grande Raul Solnado foi o mote para falar deste assunto.
Nunca serás esquecido Raul Solnado...
Já nem me lembrava desse detalhe, mas lembro-me bem do Algueirão absolutamente pacato (boa parte, ainda é assim), onde morei largos anos. E lembro-me dos Fiat Ritmo da escola de condução... e de ter sido o meu primeiro carro.
ResponderEliminarTenho pena de esse Algueirão da minha infância (quando chamava à Cavaleira "o mato", já que aquela zona era composta só de eucaliptais e mata, onde cheguei a ir apanhar musgo para fazer um presépio em casa), ultra-pacato e ultra-sossegado, caminhar para a extinção.
Tenho 33 anos e também eu, aprendi a conduzir neste carro, na altura era o carro mais antigo da frota da escola, os restantes já eram os "novos" Fiat Uno! Belas recordações do carro e também do instrutor, o Sr. Cruz que já não está entre nós!
ResponderEliminarcom o primeiro ministro que temos, só nos safamos com petroil no beato
ResponderEliminar