Tempo em Algueirão Mem Martins

terça-feira, 5 de abril de 2011

"Fórum Sintra" Vs "Comércio Tradicional"

A poucos dias da inauguração, a palavra "Fórum" ganha força na fachada do novo Centro Comercial, letra a letra, caminha para a conclusão da obra, do que será o grande templo de consumo do concelho de Sintra, o Fórum Sintra

Todos vamos ter ainda mais perto de nós, todas as grandes marcas, todos os locais onde se pode gastar o dinheiro que temos e que ainda não temos, ver as novas tendências da moda, comer a mais sintetizada comida de plástico, e onde vamos encontrar as grande novidades tecnológicas, onde investimos incríveis quantidades de dinheiro, e que ao fim de poucos meses, se podem comprar por metade do preço...
Este novo espaço será também, mais um delicioso local onde vamos programar os nossos filhos para uma cultura consumista, de ruído, barulho e agitação, onde vamos passar horas da nossa vida a sonhar com a roupa que gostávamos de ter, e que muitas vezes induzidos pela publicidade apelativa, compramos sem necessitar... e é assim que estamos a "formatar" as nossas vidas... e os nossos filhos...
E quando todas as letras da palavra "Fórum" estiverem prontas a dar brilho a este novo espaço, vamos apagar as já ténues luzes do antigo comércio tradicional. Vamos ter as ruas mais desertas, talvez mais perigosos, mais tristes e mais envelhecidas... gostava que assim não fosse...
E basta percorrer algumas ruas, e registar o encerramento de várias lojas... Será a crise internacional? O facto de o antigo comercio não ter conseguido evoluir no tempo? A falta de visão municipal para uma requalificação dos espaços públicos no tempo certo?
O encerramento da loja "Gatuxa" no Cruzeiro, em Mem Martins, é para mim um marco, pois apesar de se tratar de uma loja que talvez não tenha sabido acompanhar a evolução dos tempos, certamente é uma referência para todos, nem que seja como ponto de passagem. Quantas vezes na tua vida passaste em frente a esta loja?

Vivemos num mundo de marcas, de publicidade, de roupas de fraca qualidade que duram pouco tempo, mas ainda bem, pois assim já temos uma justificação para comprar roupa nova... e é exactamente isso que todos procuramos... consumo... consumo... consumo...

E como os politicos municipais, até aos dias de hoje não conseguiram dotar Algueirão - Mem Martins de um digno espaço verde, um digno espaço de convívio, e um digno espaço cultural, certamente será neste novo shopping, e neste espírito, que as crianças da freguesia irão crescer, fechadas entre paredes, bombardeadas por marcas, por consumismo e agitação... 

Havia tanto para reflectir sobre isto... mas talvez seja tarde para fazer alguma coisa, e agora vamos dar inicio ao tempo do Magnetismo... Não é ilusão, é Magnetismo...
(e já no próximo dia 15 de Abril, na Worten do Fórum Sintra, às 19h30, temos um excelente foco de magnetismo, com um concerto dos "The Gift")

5 comentários:

  1. Bom dia,
    Parabéns por mais um post com um tema bem pertinente.
    Eu já a algum tempo que tento evitar centros comerciais. É tudo igual: as lojas são iguais, os filmes que passam são iguais, a "comida" é igual, e até as pessoas são iguais. É assustador!
    Recorro na maior parte das vezes ao comércio tradicional. Posso ir a pé, já conheço os comerciantes e mesmo que algumas coisas sejam mais caras eu poupo. Poupo porque vou a pé e poupo porque não caio em tentações de comprar mais do que necessito ou coisas inúteis.
    O comércio tradicional apresenta mercadoria diferente (alguns até vendem mercadoria de artesãos locais), permite conhecer pessoas diferentes, permite estabelecer relações.
    Vou ver o Fórum Sintra, mas não serei cliente assídua.
    Cumprimentos
    Sandra

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  2. Caro Hugo,
    Este post é propicio a muita discussão (no bom sentido, claro). E não é uma discussão fácil.
    A evolução da sociedade e da economia levou a isto. Não sei se lhe podemos chamar economia capitalista, sem sentido pejorativo, mas que estamos assim, estamos.Basta ver o que se passa em Portugal, Grécia e Irlanda, a especulação existente nos mercados bolsistas e financeiros. Estamos todos nas mãos desta gente. Os países endividam-se e as pessoas, no seu dia a dia, também. Há que consumir para que possa haver produção. É um ciclo vicioso: produzir-consumir-produzir. Sintra não foge à regra. Antes deste Fórum, as pessoas já iam para o Cascaishopping, Beloura ou Oeiras Parque, Colombo, Dolce Vita, etc. É inevitável. Agora pelo menos gastam menos combustível...
    As crianças acompanham os pais, claro. Mas também me parece que se as idas aos centros comerciais forem feitas com moderação, não virá daí grande mal ao mundo. Mas é claro que são sempre preferíveis actividades mais saudáveis.
    A falta de espaços verdes, culturais e de convívio é gritante em Mem Martins. Mas há muitos anos. Não se vê é nada de novo no horizonte, antes pelo contrário.
    Quanto ao comércio local, é triste, mas também me parece inevitável. As pessoas hoje em dia dispõem de pouco tempo. A maior parte trabalha fora de Mem Martins e quando chegam ou as lojas já estão fechadas ou a pressa de ir para casa é muita.
    Se existe um local onde se pode comprar de tudo no mesmo espaço (Centro Comercial ou Hipermercado) é natural que a tendência seja a de ir para lá.
    O comércio local parou no tempo, talvez por falta de condições económicas para evoluir, consequência do que disse atrás.
    Portanto aí temos o Fórum Sintra! Mais um local onde podemos parar o nosso carrinho e comprar tudo o que precisamos, e o que, por vezes, não precisamos... mas com todo o conforto.
    Não vamos ser hipócritas: podemos ter muita pena do comércio local, criticar o consumismo, etc, mas quando o Fórum Sintra abrir, todos nós lá iremos vezes sem conta. É normal...

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  3. A questão que coloco é até que ponto este tipo de comércio (grandes superfícies) é benéfico para o país...

    A ter em conta: produzem riqueza,sim! Mas distribuem-na? Não! Geram emprego, talvez, mas... e o desemprego que geram? (profissionais independentes e comerciantes por conta própria não têm direito a fundo de desemprego)

    Se são cómodos? Sim sem dúvida. Agora pergunto eu, e se o comércio tradicional fosse ajudado pelas entidades competentes como são as grandes superfícies.... Melhores acessos, estacionamento gratuito em condições nas zonas nobres... OHHHH meus amigos... Há grandes barretes!

    Concluo com o seguinte: na europa há quotas para tudo, é para a produção de leite, é para a produção de azeite, para tudo! Excepto para a entrada de produtos chineses e para a comercialização de artigos...

    Toda a riqueza destes grandes grupos económicos torna refém o Estado! Lá está o que se diz nos States... Tem que se limitar a importância e dimensão das empresas no plano interno... Se um dia o Belmiro se lembra de fechar tudo e abalar para o Brasil, ou Angola??? Como é? Só a ameaça até faz arrepiar qualquer um!!!


    Abraço

    "Dividir para reinar"

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  4. Façam como eu, recentemente precisei de um GPS, por causa da minha profissão,teria ido ao Media ou ao Popular, mas não, pois em Lisboa numa loja no Rato, escondida que estava, lá a descobri, mas so o facto de me aconselharem, registar-me no site de actualizações e a forma como sou tratado, como alguem que vai comprar algo a saí satisfeito, valeu a pena gastar mais 30 Euros.
    Podem pôr os Forum`s e grandes superficies que quiserem mas a relação vendedor-cliente jamais conseguiram, pois essa parte e mesmo tradicional.....
    Sera mais um que daqui uns tempos vai fechar, pois os cranios dão uma duração de vida a tais superficies de 20 Anos, e vejam exemplos Galaxia, Bela Vista e outros que seguiram....

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  5. Nas grandes superficies também há o contacto lojista-cliente. É claro é que já não é o contacto tradicional, com atenção e interesse em ajudar. É um contacto robótico, tipo frete.
    Há dias também fui com uma amiga aos retalhistas da Baixa. A atenção e a educação que fomos atendidos foi algo que me espantou no bom sentido.
    Esta atenção vai-se perdendo, mesmo no comércio de bairro, principalmente pelo facto de as lojas de bairro irem desaparecendo aos poucos e sendo substituidas pelas lojas chinesas que crescem como cogumelos e em todas as esquinas. Quem vê uma vê todas... É nisto que nos estamos a tornar, numa província da china.

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