Um dos responsáveis pela morte de João Carlos Silva foi atingido pelos cúmplices.
Ricardo Pinto, o ‘Gordo’, de 30 anos, um dos
seis operacionais do roubo à carrinha de valores do Continente do Lourel, em
Sintra, que na fuga mataram a tiro um condutor inocente em plena A16, a 28 de
fevereiro de 2016, foi acidentalmente ferido pelo disparo de outro assaltante,
durante o crime, e pouco depois do homicídio foi sozinho tratar-se a um
hospital privado.
Entrou no Serviço de Urgência do Hospital Cuf Descobertas e
depois na Cuf Cascais – tudo sem que ninguém chamasse a polícia. Segundo a
acusação, que imputa os roubos e homicídio a dez homens – seis deles
operacionais –, um disparo de caçadeira que fez ricochete no alcatrão do
estacionamento onde a carrinha de valores foi assaltada atingiu ‘Gordo’ nos
dedos do pé esquerdo, provocando -lhe "ferimentos graves". Duas horas
e meia após o roubo e a tentativa de carjacking em que foi morto João Carlos
Silva, 49 anos, ‘Gordo’ entrou na Cuf. Alegou "um acidente de
trabalho" – disse que se tinha ferido na pastelaria da irmã – e recebeu
tratamento. Terá beneficiado do facto de ter sido atingido por chumbos de
caçadeira que não ficaram visíveis no ferimento, iludindo os médicos.
O
assaltante aproveitou também para fazer uma participação à companhia de seguros
Allianz a requerer que lhe pagassem as despesas médicas. Nos dias seguintes
ainda passou pela ortopedia do Hospital Curry Cabral, em Lisboa, e foi a
consultas e fez exames no Amadora-Sintra. Acabou preso em março passado. Na
busca à sua casa, a Unidade de Contraterrorismo da PJ encontrou documentos do "acidente
de trabalho": etiquetas das urgências, do dia do crime – e um escrito
hospitalar que referia: "Dedos do pé, duas incidências". Despiste na
fuga feriu outro assaltante
Na fuga do Continente do Lourel, o carro com seis
assaltantes sofreu um forte despiste devido ao excesso de velocidade num acesso
à A16. Fábio, o assaltante que conduzia, foi com a cara ao volante e ficou a
sangrar, desmaiado.
A
PJ encontrou uma cópia da folha de reclamação na busca à casa do suspeito. A
acusação não refere o motivo. Terá sido apenas um pretexto para alegar, caso
confrontado pela polícia, que não esteve no local dos crimes de Lourel. Perito
vai depor A seguradora elaborou, no dia 22 de março de 2016, um boletim clínico
sobre o "acidente de trabalho". Um perito é indicado como testemunha
pelo Ministério Público para o julgamento. Evitou urgência pública ‘Gordo’
evitou as urgências de um hospital público, que têm postos da PSP e, de
imediato, seria chamada a PJ. O CM colocou ontem questões ao Grupo Cuf, que
remeteu para o dia de hoje os esclarecimentos.
Ler mais em: http://www.cmjornal.pt/exclusivos/detalhe/hospital-privado-trata-homicida-sem-a-policia?ref=Mundo_BlocoFimPagina
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