O acontecimento da chegada do Larmanjat a Sintra foi, como não podia deixar de ser, “a notícia”. Saloios e alfacinhas, pobres e ricos, novos e velhos e principalmente gente letrada, incluindo a classe política, não falavam de outra coisa. Em Mem Martins, muitos gabavam-se de ter assistido à sua primeira passagem, na Estrada Real.
Os jornais da época não ficaram indiferentes. Transcreve-se a notícia publicada no diário ilustrado do dia 3 de Julho de 1873: «Ás 9horas da manhã de hontem, 2 de Julho, partiu da estação provisória das portas do Rego um comboyo, levando muitos dignitários e os representantes da imprensa de Lisboa. A locomotiva era o nº7 e puxava quatro carruagens.
O trajecto entre as estações de Lisboa e Cintra fez-se regularissimamente em duas horas menos cinco minutos. Houve três paragens de alguns minutos em Bemfica; no Cacem e em Reinholas, consumindo-se entre todas não mais talvez de um quarto de hora, e metendo a machina água, nas duas últimas (…)
Na estrada, à saída de Lisboa, muito povo presenceava este acontecimento notável, que representa mais um passo no caminho do progresso d’este paiz. Em todo o caminho havia muito quem o saudasse. E na Villa Estephania, estavam junto da estação, adornada com flôres e bandeiras, muitas damas e muitos cavalheiros; a charanga de lanceiros que tocava o hymno de el-rei o sr.D.Luiz I; e uma força de infanteria 5.
Era geral a alegria que se manifestava no semblante de todos. Subiram ao ar muitos foguetes. A impresa de Lisboa prestou a devida homenagem a este melhoramento que vae collocar, para assim dizermos, o paraíso de Byron ás portas da capital do reino»
Texto de Zé de Fanares e Hugo Nicolau.
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