Tempo em Algueirão Mem Martins

quinta-feira, 4 de junho de 2020

[sintranoticias] “O dinheiro é escasso, mas tem de ser gerido da melhor forma”




Algueirão Mem Martins, tem em marcha um conjunto de obras, “há muito reclamadas e desejadas” pela população daquela que é a mais populosa freguesia do país, com mais de 66.250 habitantes, de acordo com os dados do censos de 2011.
“Uma responsabilidade assumida, com empenho e dedicação permanente, todos os dias”, refere Valter Januário presidente da Junta de Freguesia de Algueirão Mem Martins, que aceitou o desafio do Sintra Notícias e do Jornal Correio de Sintra, para uma visita guiada por algumas das obras, que considera “importantes pela qualidade de vida que vai proporcionar à população” e que estão a decorrer na freguesia.
A construção do novo Centro de Saúde na Messa em Mem Martins a demolição do velho e degradado Mercado de Fanares, ou mesmo as obras de requalificação, já em fase de conclusão, do Largo das Mercês, espaço que integra o corredor verde pela Ribeira da Lage, são obras que considera “importantes” para a freguesia.
“O dinheiro é sempre escasso, mas tem de ser gerido da melhor forma”, sublinha Valter Januário, eleito pelo PS, destacando o “bom relacionamento institucional” com a Câmara de Sintra, “que nos tem ajudado a concretizar estas obras”, fazendo também referência à “equipa empenhada” que dispõe no executivo que preside.
“Há repavimentações em muitas das ruas na freguesia”, prossegue o presidente da Junta de Freguesia, dando como exemplo a renovada Rua Dr. João Barros, que vai ter novos e mais espaços de estacionamento bem como melhorias de circulação ao longo de toda a via que liga Mem Martins às Mercês.
Na Rua do Coudel também estão a terminar as obras para a colocação de novas condutas de águas pluviais, “mais largas para travar inundações”.
Na calha está ainda a requalificação da zona de Mem Martins Poente, já com um projeto para a zona, que passa pela instalação de vários equipamentos de lazer.
De momento a maior preocupação de Valter Januário “passa pelo estado em que se encontram muitos dos espaços verdes” na freguesia por “falta de cumprimento da empresa responsável pela sua manutenção”, lamenta o autarca, mostrando-se também “sensível com questões sociais”, que surgiram recentemente, durante o período de confinamento no contexto da pandemia Cocid-19: “uma situação nova que ninguém esperava. Tivemos que canalizar toda a nossa atenção para esta questão”.
Preocupações e anseios do autarca, em destaque na edição desta semana do Jornal Correio de Sintra, nas bancas nas próximas horas, com desenvolvimento também no SINTRA NOTÍCIAS.

quarta-feira, 3 de junho de 2020

[Jornal I] Pré-escolar. Um regresso cheio de ‘abraços apertadinhos’

As regras da DGS cumprem-se à risca, mas os afetos não podem ser afastados. A felicidade de um abraço marcou o regresso à escola das crianças entre os três e os seis anos. Ainda assim, nem todos fizeram os testes de despiste, ao contrário do que aconteceu no regresso às creches.
Há gestos que não mudam e afetos que não desapareceram em pouco mais de dois meses de confinamento. A pandemia pede afastamento, mas as crianças querem abraços. E ontem foram mesmo os mais novos a ganhar a luta do distanciamento – o regresso do ensino pré-escolar ficou marcado pelo abraço à educadora, à auxiliar e ao amigo que não viam desde março. “Isso foi inevitável, claro que deram logo um abraço a cada uma”, confessou Sofia Pires, educadora de infância na Casa Sarah Beirão, no concelho de Oliveira do Hospital.
O cenário multiplicou-se pelo resto do país e ninguém negou colo ou abraço às crianças. “Nós percebemos e respeitamos todas as orientações da DGS, mas temos de respeitar também as crianças, não podemos dizer que não pode abraçar o colega, não podemos limitar a criança”, reforçou Carla Pinto Silva, da creche Sempre em Flor, em Mem Martins. Nem todos regressaram à escola, alguns ainda ficaram em casa com os pais e a maioria dos estabelecimentos de ensino pré-escolar tiveram uma taxa de ocupação que não foi além dos 50%. Na Casa do Cuco, no Porto, o “abraço apertadinho” também marcou o regresso das atividades letivas. “Aconteceu e tem de acontecer”, admitiu ao i Sandra Guimarães, diretora pedagógica do colégio.
E desengane-se quem pensa que os mais novos não percebem que é preciso seguir regras e que a saúde está em risco se essas mesmas regras não forem cumpridas. “A Leonor estava a contar há pouco que tinha de ralhar com a mãe, porque a mãe tocou numa campainha que não era para tocar”, disse Sofia Pires, acrescentando que as crianças do pré-escolar “adaptam-se muito bem e aceitam as novas regras com normalidade”.
Enquanto a educadora contava a história, Sara, antes de arrumar um puzzle com o qual tinha brincado, pediu que fosse desinfetado para o poder colocar no armário. É só o primeiro dia, mas aquela não era a primeira vez que Sara pedia para alguém desinfetar um objeto que tivesse utilizado. E, durante a manhã, não foi preciso repetir mais do que duas vezes as regras para que todos entendessem. “Andámos lá fora e explicámos quais eram os percursos limpos – o sítio por onde os pais passam são higienizados e os miúdos só podem passar depois, porque só podem passar em percursos limpos. E eles perceberam logo. A realidade já os preparou – sobretudo aos mais velhos, os mais novos vão por arrasto –, porque eles são bombardeados com muita informação”, acrescentou Sofia Pires.

terça-feira, 26 de maio de 2020

[JFAMM] Demolição do Mercado de Fanares

Começou hoje, dia 25 de maio, a demolição do edifício do antigo mercado de Fanares. O objetivo é fazer deste espaço, um ponto central totalmente requalificado, com novas áreas e novos percursos pedonais.


A demolição do antigo mercado de Fanares irá realizar-se durante três meses e é um investimento da autarquia em valorizar os espaços exteriores, como confirmou o presidente da Câmara Municipal de Sintra, Basílio Horta: “Marca o início do projeto que valorização urbana de toda a envolvente, um investimento de cerca de 1,8 milhões de euros”.

O projeto de requalificação é uma intervenção conjunta entre a Câmara Municipal de Sintra e os SMAS de Sintra, unindo a valorização urbana à remodelação das redes de esgotos e abastecimento doméstico de água.

Este projeto, inserido na estratégia da Área de Reabilitação Urbana (ARU) de Mem Martins/Rio de Mouro, prevê a criação de uma praça pública que une a Praceta de Damão, intimamente ligada ao mercado, à Praceta de Goa por pavimento único, com uso misto na Rua de Panjim.

O projeto irá permitir a criação de novos espaços de estadia, com esplanadas e reforço de árvores e espaços verdes e prevê ainda a ligação ao Parque Linear da Ribeira da Laje, aberto ao público em 2019, e que permitiu a ligação entre Mem Martins e Rio de Mouro, numa área total de intervenção de 13,5 hectares.

quarta-feira, 20 de maio de 2020

Drone na Tapada das Mercês (video)

[sintranoticias] Obras na rede de águas pluviais na Bacia da Rua do Coudel em Mem Martins

A remodelação de toda a rede de drenagem de águas pluviais na bacia da Rua do Coudel, em Mem-Martins, para prevenir a ocorrência de inundações, representa um investimento da autarquia na ordem dos 405 mil euros.


Já decorrem as obras dos SMAS de Sintra para a remodelação da rede de drenagem de águas pluviais na bacia da Rua do Coudel, em Mem-Martins, representando um investimento na ordem dos 405 mil euros.
Segundo Valter Januário, presidente da Junta de Freguesia de Algueirão-Mem Martins, está a ser remodelado e beneficiado todo o sistema de drenagem pluvial existente, com o propósito de aumentar a capacidade de transporte de água, minorando a ocorrência de inundações, sempre que a chuva é mais intensa.

“Esta era uma obra há muito solicitada pela população, a necessidade de intervenção nas redes de distribuição de água surge devido à inadequação das redes existentes, ao elevado número de roturas, aos incómodos e prejuízos causados à população e na qualidade do serviço prestado às populações residentes”, afirmou Basílio Horta, presidente da Câmara de Sintra, na assinatura do ato de consignação da empreitada.
As obras estão a decorrer por etapas ao longo da rua do Coudel, para permitir a circulação automóvel, ainda que a velocidade reduzida, por vezes com paragem devido a trabalhos a decorrer na via.
Intervenção em curso
As obras de remodelação da rede de Pluviais na Bacia da Rua do Coudel, passam pela “construção de um novo coletor no troço entre a estrada de Mem Martins e um novo local de descarga”, mantendo o troço entre a rua do Coudel e a estrada de Mem Martins.

O trabalhos incluem ainda, “alteração do local da descarga” para o canal existente no entroncamento da Rua dos Casais com a rua da Eirinha, bem como a “substituição do coletor existente na rua do Coudel por novo coletor de diâmetro superior” e a “remodelação da rede de abastecimento de água em fibrocimento”, nos arruamentos afetados pela instalação do coletor pluvial.

domingo, 10 de maio de 2020

[lendoeescrevendo] Memórias - Visconde Juromenha

Depois de Olhão, Santiago do Cacém, Mem Martins, Amora, Seixal, Paio Pires e de novo Amora, embora todas estas últimas sejam escolas do mesmo concelho do Seixal.
Em todas elas fiz amizades e tenho recordações, embora seja a Paulo da Gama a minha maior referência, aquela a que posso chamar a minha escola do coração. Foi lá que fiz o estágio, foi lá que conheci os/as colegas mais dedicados à escola, aos alunos, ao ensino, aos projectos e onde vimos crescer muitos jovens a quem dedicámos o melhor dos nossos saberes e afectos. Não é por acaso que alguns desses jovens, hoje adultos, são nossos amigos no facebook e que vamos de algum modo acompanhando e mantendo laços de amizade. Não é por acaso que todos os anos, em Janeiro, juntamos perto de quarenta aposentados/as da Paulo da Gama num almoço de Ano Novo. Conseguimos, através da escola, estabelecer um vínculo que persiste para além do tempo e que resistiu às mudanças nas nossas rotinas.
Mas de todas as escolas que me marcaram, quero neste pequeno testemunho falar do ano de 77-78 quando estava a leccionar na Escola Preparatória Visconde de Juromenha, em Mem Martins. Era uma escola um pouco isolada, a especulação imobiliária estava no seu começo e as Mercês ainda não eram o amontoada de prédios dos nossos dias. Era um risco descer na estação das Mercês e ir a pé pelo pinhal até à escola, tanto mais que havia notícias de crianças que haviam sido atacadas por um predador à solta. Por isso descia-se na estação anterior – Rio de Mouro – e aguardava-se pela camioneta que ia directa da estação para a escola. A escola era pouco simpática, pouco acolhedora, era um edifício isolado e os assaltos ao fim de semana uma constante. No inverno, era preciso acender as luzes mais cedo e os poucos retroprojectores em uso mais outro equipamento ligado eram o suficiente para deitar abaixo o quadro eléctrico com capacidade muito limitada para as necessidades. Mesmo com restrições de uso, a verdade é que muitas das vezes a última aula da tarde já não era possível de dar, porque era impossível trabalhar sem luz. Concomitantemente, o Ministério da Educação não homologara a equipa de professores que tinha sido eleita para o Conselho Directivo da escola e em sua substituição indigitou um professor da sua confiança, uma primeira tentativa de restaurar a figura do director. Sottomayor Cardia, o então Ministro da Educação, respondia assim aos sectores mais conservadores da sociedade que nunca tinham visto com bons olhos que as escolas fossem dirigidas por professores eleitos pelos seus pares. Talvez pareça estranho o que se passou (muito estranho mesmo), mas a verdade é que os assaltos à escola ao fim de semana mais as falhas de luz que impediam o normal funcionamento da escola da parte da tarde e a recusa por parte do corpo docente em aceitar um professor que se gabava de ter uma moca de Rio Maior no seu carro, para além de exibir as suas preferências por figuras do antes do 25 de Abril, começaram a gerar um clima na comunidade e no seio de alguns encarregados de educação, a suspeita de que os assaltos tinham por detrás os professores da tarde que não queriam trabalhar! A larga maioria dos professores da tarde eram professores provisórios e eu era uma de entre eles.

Até que um dia, aos 71 professores eventuais da Visconde Juromenha foi barrada a entrada na escola. Só os professores efectivos tinham acesso. Os suspeitos eram os professores provisórios e portanto era preciso impedi-los de entrar nas instalações. Mas como grande parte das aulas era dada por estes, criou-se um vazio que o ministério, de forma atamancada, como aliás todo aquele processo, colmatou colocando nos jornais diários um anúncio na secção dos anúncios a contratar professores. Um processo que devia/deve encher de vergonha qualquer ministério da educação que se preze do seu nome e da sua missão. Foram vários os candidatos que responderam ao anúncio, sem saberem que programas iam dar, sem conhecerem os manuais adoptados, simplesmente com a perspectiva de poderem em dois meses arranjar algum dinheiro para as férias…
Foi um processo vergonhoso, mas muito rico em ensinamentos e solidariedades. Antes de tudo, referir a Francisca. Uma colega de História, professora efectiva e que desde a primeira hora se pôs ao nosso lado, como se ela também fosse eventual. Era uma senhora de cabelos brancos, serena, determinada, que deixou sem resposta os três inquiridores ao lançar-lhes se não tinham vergonha de suspeitar de pessoas que não tinham quaisquer culpas e de contratarem para nos substituir pessoas sem qualquer qualificação para a docência. Essa ousadia valeu-lhe uma pena que posteriormente lhe foi retirada e que veio averbada em Diário da República. Depois, o papel do nosso sindicato, através do Pascoal e do Óscar. Enquanto duraram os inquéritos, diariamente, os dois acompanharam-nos, aconselharam-nos, deram-nos todo o apoio. A razão estava do nosso lado, mas a pressão psicológica motivada pelos inquéritos presenciais como se estivéssemos num tribunal, mais as notícias no pasquim “O Crime” onde aparecíamos como os autores dos assaltos à escola, eram geradores duma grande ansiedade. Sem as reuniões com os dirigentes sindicais, sem o apoio psicológico e financeiro, pois todos os sindicalizados receberam o seu salário durante aquele tempo em que estivemos impedidos de trabalhar, não teríamos conseguido aguentar todos os 71 até ao fim, como uma equipa que estava ali para resistir e vencer. E assim foi, resistimos e vencemos e o Ministério foi obrigado a readmitir-nos, pois éramos nós os professores daqueles alunos, éramos nós que os conhecíamos, éramos nós que lhes tínhamos dado as aulas e que os podíamos avaliar. Estávamos no final do ano e era preciso fazer a avaliação final. O Ministério da Educação chumbou!
Sempre me lembro deste episódio na minha vida profissional. Um episódio extremo de prepotência por parte do Ministério para com os professores. Um episódio em que o Ministério passou por cima da legalidade e da democracia para impor uma concepção de direcção da escola. Um episódio em que a união e solidariedade dos professores e do SPGL foram exemplares e que deve ficar nos anais da nossa história sindical. De que devemos orgulhar-nos.
Almerinda Bento
Nota: Sei que tenho algures o recorte do jornal com o anúncio a pedir professores para a Visconde Juromenha. Um documento que devia corar de vergonha quem na altura deu ordens para o publicar.
Este texto foi publicado em "Memórias 2018/2019", um projecto do Departamento de Professores e Educadores Aposentados.
A fotografia que encima este post foi publicada no Escola Informação nº 287 Maio 2019.