A transformação que se viveu nos últimos 40 anos, de uma vida rural para uma vida mais citadina, deu origem às más cidades que hoje existem, onde Alguirão Mem Martins se reflete perfeitamente.
Com o final lento e silencioso dos campos de cultivo e da criação de gado, deu-se inicio ao grande "booom" da construção civil. Tornava-se mais rentável e mais rápido acabar com o cultivo, e nesse terreno construir um ou dois prédios. Isto teve consequências graves no mau urbanismo que hoje vivemos.
Tudo isto deu origem a uma redução da qualidade de vida, também originada pela dificuldade de se comprar uma casa em Lisboa, e que devido ao facto de as casas nesta região terem um custo mais baixo, trouxe muita gente a viver aqui, tornando a freguesia de Algueirão Mem Martins a mais populosa de Portugal.
Este excesso de população, não só em Algueirão Mem Martins, mas em toda a linha de Sintra, e área Metropolitana de Lisboa, cria graves problemas sociais e financeiros.
Como é possivel um pais pobre como Portugal, deixar o centro da cidade ficar vazio, despovoado, fechando assim Escolas, Centros de Saúde, obrigando à construção de novas escolas, novos hospitais, novas estradas.
Mas como tudo é feito sem planeamento, o Hospital é construído sem a devida previsão do crescimento nos próximos anos e rapidamente se tornou caótico, sem condições e sem resposta para uma imensa população. O IC19 é construído, mas poucos anos depois tem de ser alargado... A linha de comboio tem de ser quadruplicada.
As novas urbanizações são construídas cada vez mais longe da linha do comboio e a falta de estacionamento junto das Estações da CP, torna mais confortável o uso do automóvel. O transito torna-se difícil. Os autocarros são poucos, caros e não servem todas as zonas. Não existe transporte escolar. Não existe incentivo à utilização de transportes públicos.
O Estado e a Câmara Municipal gastam recursos e dinheiro a corrigir a falta de planeamento, dinheiro que poderia ser aplicado de uma forma mais eficaz e correcta...
- Quanto dinheiro seria necessário para corrigir o mau urbanismo da Tapada das Mercês?
- A Falta de estacionamento na zona de Fanares em Mem Martins?
- Na criação de espaços verdes na Cavaleiras?
Este mau planeamento, ou mesmo ausência dele, tira anos de vida às pessoas, faz-nos gastar mais tempo em deslocações para o trabalho, para a escola, para as compras... Tudo é construído à escala do carro... é quase impossível viver sem um carro... As crianças sofrem com esta falta de qualidade.
E se a construção ganhar um novo impulso, e começarem a nascer novos prédios e novas urbanizações? Um simples prédio de 6 andares implica aproximadamente 30 carros (estimativa), 70 pessoas (estimativa)...
E se forem construídos 10 prédios de 6 andares por ano? E se multiplicarmos isto por Rio de Mouro, pelo Cacém, por Massamá, por Queluz...
Onde fica a qualidade de vida? Fico preocupado quando oiço noticias de novas urbanizações em Massamá, na Serra da Carregueira, em Meleças... Será que a Câmara de Sintra irá resistir às receita s provenientes das licenças de construção, em detrimento da qualidade de vida dos seus munícipes?
Aqui deixo uns excerto que escolhi de um excelente trabalho que a RTP divulgou em 2007, da autoria do sociólogo António Barreto intitulado "Portugal, um Retrato Social".
Escolhi alguns excertos, onde a população de Algueirão Mem Martins, na sua grande maioria, se sente enquadrada, certamente, nesta "bola de neve" de problemas
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