Estivemos com o
colectivo de Mem Martins, Sintra, no estúdio onde o grupo gravou o primeiro
álbum, Nada é por Acaso
A primeira coisa em
que reparamos quando entramos no estúdio do colectivo português de hip-hop
GROGNation, em Mem Martins, Sintra - mais tarde, talvez mais prosaicamente,
chamar-lhe-ão "quartel-general" -, é um quadro com uma lista de
músicas do primeiro álbum do grupo, Nada É Por Acaso - lançado
a 30 de Abril.
"A primeira vez
que vimos isso foi com os Orelha Negra", contam, acrescentando que eles
"tinham uma lista de músicas e depois algo como: o Francisco Rebelo já
tocou baixo neste tema".
O quadro demorou dois anos a preencher. Juntos desde 2011 - pela proximidade geográfica, amizade e um gosto pelo rap - os cinco GROGNation (Harold Rafael, de 25 anos, Tiago "Prizko" Ribeiro, de 26, André "Neck" Janeiro, de 23, António "Nasty Factor" Silva, de 24, e Rui Pereira, aka Papillon, de 26) acharam que esta era a altura para dar este passo.
O quadro demorou dois anos a preencher. Juntos desde 2011 - pela proximidade geográfica, amizade e um gosto pelo rap - os cinco GROGNation (Harold Rafael, de 25 anos, Tiago "Prizko" Ribeiro, de 26, André "Neck" Janeiro, de 23, António "Nasty Factor" Silva, de 24, e Rui Pereira, aka Papillon, de 26) acharam que esta era a altura para dar este passo.
"Podíamos ter
feito o álbum mais cedo, mas decidimos fazê-lo quando nos sentíssemos
preparados", explica Factor. Neck corrobora: "Para nós, isto é um
álbum. Os outros projectos foram quase só uma preparação." Essa preparação,
contudo, foi criando expectativa para aquele que Neck diz ser "o primeiro
projecto a sério" do grupo.
Pela multitude dos
temas que abordam (o amor, as dificuldades por que passaram e a masculinidade -
o novo tema, Lágrimas, por exemplo, parece evocar a recente
deambulação do rapper americano J Cole sobre o que é ser um
"real nigga" em 4 Your Eyez Only) e da sonoridade das
batidas (ora mais clássicas, ora mais electrónicas - ou "fresh", nas
palavras deles), foram recebendo elogios de alguns dos principais protagonistas
do hip-hop nacional, como NBC, Sir Scratch, Bob da Rage Sense, Valete e Sam the
Kid. Vários, aliás, já colaboraram com o grupo de Mem Martins, e Sam the Kid
volta a fazê-lo neste álbum, cedendo a parte instrumental de Circo,
uma das 17 faixas do disco.
Depois desse percurso
inicial, que os levou, por exemplo, a actuarem no festival MEO Sudoeste e a
serem encarados como promessas, os GROGNation dão mais um importante passo com
um álbum ecléctico, onde apenas dois instrumentais foram feitos em casa (por
Factor, que além de rapper é produtor).
Os restantes, tão
diferentes quanto os seus autores (o que torna a sonoridade dos temas muito
distinta, viajando do R&B ao boom-bap, soul, afro-beat e electrónica - mais
fragmentada, por exemplo em Amar para Esquecer, e mais explosiva,
como em Vou na Mesma e Barman), foram trazidos por alguns dos
produtores mais conceituados do género em Portugal, como Sam the Kid, DJ Ride,
Lhast, Holly e Cálculo.
É por cima desses
instrumentais que os cinco rimam - sobre "1001 temas", nas palavras
de Harold. E se as egotrips não dominam, também há espaço para
a afirmação: Harold canta que vieram "para ser lendas", Papillon que
"isto é o creme do creme (...) do mais real que há desde o Valete, do Xeg
e do Sam". Na nova geração hip-hop, os GROGNation lutam pelo pelotão da
frente.
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