Abaixo, excerto do texto publicado no ano passado na 'Voz da Verdade' sobre a 'Igreja Azul de Mem Martins'
Um edifício que deu origem a diferentes opiniões e criticas na população de Algueirão Mem Martins
http://www.vozdaverdade.org/mobile/link1.php?id=5423
Um edifício que deu origem a diferentes opiniões e criticas na população de Algueirão Mem Martins
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A cor azul chama a atenção, pois é “inspirada pelos templos Babilónicos”, segundo o arquiteto.
A nova igreja de Nossa Senhora da Natividade de Mem Martins foi dedicada no passado Domingo, pelo Cardeal-Patriarca. “Sonho cumprido”, referiu o pároco de Algueirão - Mem Martins - Mercês, padre João Braz, lembrando ser este “um ponto de partida” para a construção da “Igreja das pedras vivas”.
É uma igreja que, “por ser de Deus”, é “de todos”, garantiu o Cardeal-Patriarca de Lisboa na celebração de bênção e dedicação da nova igreja de Nossa Senhora da Natividade de Mem Martins. “Porque é que nós estamos aqui? Estamos aqui porque, felizmente, podemos dedicar esta igreja de Nossa Senhora da Natividade – e dedicá-la quer dizer que ela deixa ser nossa e passa a ser de Deus, que é a melhor maneira de ser de todos”, salientou D. Manuel Clemente, na celebração do passado Domingo, 3 de abril.
Situado na confluência da Rua Artur Bual com a Praceta do Outeiro, próximo do quartel dos Bombeiros Voluntários de Mem Martins, o novo templo da paróquia de São José de Algueirão - Mem Martins - Mercês era um sonho antigo desta comunidade da Vigararia de Sintra. A bênção e dedicação da nova “bela casa”, como apelidou o Cardeal-Patriarca, “significa para muitas e muitas pessoas aqui presentes, e muito particularmente para algumas, um momento de realização muito feliz”. “E compensadora de tantos esforços, de tantas expectativas, de tantas canseiras, de tantos recomeços, até”, frisou D. Manuel Clemente, sublinhando que “o cristianismo está sempre pronto a acontecer, a servir”.
Celebração expressiva
(...)
Na primeira celebração eucarística na nova igreja de Mem Martins, D. Manuel Clemente lembrou a designação “fábrica da Igreja”, que compreende “a administração de uma paróquia”, para manifestar que “a Igreja é uma fábrica”. “A Igreja é uma ‘fábrica’ para replicar cristãos, pelo Batismo, pela Palavra, pelo acolher de Jesus Cristo transmitido nos sacramentos, que pela partilha e pela ajuda mútua põe Cristo no mundo. É por isso que devemos estar muito felizes. Os que aqui moram, os que aqui vêm… porque também aqui, em Mem Martins, esta vida de Jesus Cristo continua, no templo vivo que são os cristãos que aqui vêm, e que daqui partem, para que a paz do Senhor Jesus, e a sua vitória sobre a morte, alegre a vida de muita gente, por esses prédios, por esses andares, pelas mais diversas circunstâncias. Desde há dois mil anos que temos este dom de Deus que é a vida de Cristo Ressuscitado pela vida dos cristãos, das cristãs – celebremo-lo neste templo dedicado, vivamo-lo e convivamo-lo na vida de todos os dias”, convidou o Cardeal-Patriarca de Lisboa.
Uma igreja azul
O projeto da igreja de Nossa Senhora da Natividade, da autoria do arquiteto Arsénio Raposo Cordeiro, falecido em 2013, “é inspirado pelos templos Babilónicos, quer na sua composição, quer na sua forma”, explica o arquiteto Gonçalo Motaco Jorge, que deu cumprimento ao projeto. “A utilização da cor azul também reflete esta inspiração, pois nos templos da antiga Babilónia, o local da presença divina era assinalado com o revestimento na cor azul, contrastando com os amarelos e ocres das paisagens desérticas. O azul da igreja de Nossa Senhora da Natividade também está diretamente relacionado com o azul do manto das representações de Nossa Senhora da Natividade”, esclarece Gonçalo Motaco Jorge, em texto publicado no guião da celebração da dedicação da nova igreja de Mem Martins.
Na memória descritiva deixada pelo arquiteto Arsénio Cordeiro, é descrito o interior do templo: “O espaço interior quadrangular da igreja é definido por quatro grandes pilares com 6 x 6 m, cujos capitéis se desenvolvem formando arcos de volta perfeita que, uns com os outros, formam abóbodas de berço que se entrecruzam na zona central do altar. O espaço definido por estas duas abóbodas de berço, com 11,5 m de diâmetro por 8,50 m de altura, é iluminado zenitalmente por uma fresta em forma de cruz, definida pelas linhas de fecho das duas abóbodas cruzadas e introduz pela sua dimensão, nesta pequena igreja, uma escala digna da grandeza da ‘mensagem’”.
Igreja de pedras vivas
Em nome de toda a comunidade de Mem Martins, Maria Augusta, que pertence ao grupo de eventos da paróquia, destacou o cumprimento de um sonho com a dedicação da nova igreja. “É de facto uma enorme alegria poder ver hoje concretizado o sonho de tantos e tantos anos, sonho este que foi alimentado e vivido por todos nós, os que estão aqui hoje e todos aqueles que já partiram. Todos nós sabemos que Deus habita, sobretudo, na Igreja viva que está para além destas paredes, que habita no coração de cada um de nós. Com ou sem estas paredes, Mem Martins já tinha o mais importante: a Igreja de pedras vivas, feita de homens, mulheres, jovens e crianças, que durante tantos e tantos anos celebraram a Eucaristia num salão, tantas vezes sobrelotado”, referiu esta leiga, agradecendo depois aos vários párocos que “acompanharam e impulsionaram” a “nova casa de Deus em Mem Martins”.
Maria Augusta destacou ainda, na sua intervenção, as contribuições e donativos e as muitas iniciativas, que ao longo dos anos, foram organizadas para angariar fundos para pagar a nova igreja. “Gostaríamos de agradecer também a todos aqueles que colaboraram connosco nos eventos, as empresas, estabelecimentos comerciais da nossa terra, todos aqueles que repetidamente foram contribuindo para as nossas festas, vendas de Natal, vendas de rifas, noites de fado, jantares, que fomos sempre fazendo”, realçou esta leiga, acentuando ainda “o papel dos nossos jovens, que foram sempre disponíveis e incansáveis para ajudar nos diversos eventos”.
Ponto de partida
A paróquia de São José de Algueirão - Mem Martins - Mercês tem como pároco, desde há quase 7 anos, o padre João Braz. “Sonho cumprido”, referiu o sacerdote na celebração de dedicação da nova igreja de Mem Martins, sublinhando porém que aquele momento era apenas um começo. “É, certamente, ponto de chegada: de desejos alcançados, sacrifícios cumpridos, lutas sofridas, avanços e recuos de uma longa caminhada, nunca desistindo, nunca deixando de observar no horizonte o clarão do dia que, hoje, festivamente celebramos. Todavia, este dia é, seguramente, um ponto de partida, pois a Igreja de pedras abre, no horizonte da comunidade, o apelo/resposta de construirmos a Igreja das pedras vivas, que nós somos, no propósito firme de irmos aprofundando o mistério da Igreja, à luz do documento conciliar ‘Lumen Gentium’”, desejou o padre João Braz.
A bênção da primeira pedra da nova igreja de Mem Martins decorreu em julho de 2011. Quase cinco anos depois, o pároco sublinhou que, “nesta longa caminhada, a comunidade foi a protagonista principal” e apelou ao “esforço” para “honrar os compromissos financeiros” e “completar” tudo aquilo que falta no novo templo: “Plano iconográfico para cada um dos núcleos, painel do Altar alusivo à Ressurreição, imagens que faltam (Coração de Maria, Coração de Jesus, Santo António e São João de Deus), sinos, lambrim de madeira no interior, vitral da rosácea, acabamentos do centro pastoral e, ainda, o tão necessário quanto desejado espaço polivalente para 250 lugares sentados, que dará respostas múltiplas: convívios, eventos, assembleias, formações de vária ordem, além da concretização do projeto social, já elaborado, com respostas sociais várias, sobretudo da ordem da emergência social”.
Imagem de Nossa Senhora da Natividade
No interior da nova igreja de Mem Martins, à esquerda do Altar, destaca-se uma grande Imagem de Nossa Senhora da Natividade. A escultura de gesso, com cerca de dois metros de altura, foi benzida pelo Cardeal-Patriarca na celebração de dedicação do templo e é da autoria do escultor João Oom. “O desafio era grande, pois a ‘Natividade de Nossa Senhora’ é um tema já várias vezes executado em pintura mas nunca em escultura. Depois de analisar várias fontes, recordei que a Natividade de Maria era celebrada no Oriente Católico, muito antes de ser instituída no Ocidente. Os Evangelhos nada dizem sobre o assunto, nem há qualquer profecia ou relato. Tem provavelmente a sua origem em Jerusalém, nomeadamente a partir do século V. Maria é concebida de maneira natural, mas foi miraculosamente preservada do pecado original para ser a mãe de Cristo (Imaculada Conceição). Procurei na gravidez de Sant’Ana o nascimento da “Cheia de Graça”… com os símbolos que lhe são atribuídos: a lua (que não tem brilho, mas reflete a luz do Sol que é Jesus Cristo); o lírio (a pureza celeste e símbolo da virgindade); coroada de estrelas (“um grande sinal apareceu no céu, uma mulher vestida de Sol, tendo a lua debaixo dos seus pés e na cabeça uma coroa de doze estrelas”). E nesta conformidade procurei, escultoricamente, transmitir as maravilhas da Mãe de Deus – “Causa da nossa alegria””, refere o escultor, em artigo publicado no guião da celebração.
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