Tempo em Algueirão Mem Martins

sábado, 20 de novembro de 2010

Antigo Chevrolet do Bombeiros Voluntarios

Eu quando era uma criança, tinha a incrível atracção pelas sirenes dos carros dos bombeiros e pela sirene do quartel. Eu adorava brincar com os pequenos "carrinhos" de bombeiros que tinha, e construía autênticos quartéis, e fazia grandes operações de salvamento...
Tudo isto no tempo em que os Bombeiros de Algueirão Mem Martins construíam lentamente as actuais instalações, e tudo funcionava apenas no edifício da foto acima, situado na Rua Prof. Dr. Joaquim Fontes.

No entanto, existia um camião que me deixava vidrado, sempre que eu o via a passar nas ruas de Mem Martins. Acho que se devia ao facto de ser diferente, de ser de uma marca que eu não conhecia. Eu simplesmente adorava e vibrava com a sua passagem.
Tratava-se de um Chevrolet (desconheço o modelo) a gasolina, que só por si o ruído do seu motor era diferente. Foi através do Facebook, que voltei a manter contacto com esta incrível recordação. Regressei ao meu espírito de criança quando vi a fotografia desta "maquina". Que saudades...
Na foto acima, ao fundo, consegue-se ver a construção do actual quartel, e em primeiro plano muitos dos homens que certamente tiveram o prazer de estar dentro deste veiculo, que segundo apurei, com o seu motor V12, gastava uma fortuna de gasolina. Calculo que também fosse bastante difícil encontrar peças para a sua manutenção.

E se fiquei muito feliz com este regresso ao passado, também fiquei triste e desiludido com o triste final que este camião teve. 

Com o final dos apoios para carros de serviço dos bombeiros movidos a gasolina, criava-se uma excelente oportunidade para escrever história, e a corporação dedicar um pouco de orgulho, num "histórico veiculo" que certamente muito prestigio lhe deu.


Não, como quase tudo nesta terra, o passado é para esquecer, é para destruir, para rasgar...
E incrivelmente, este excelente exemplar da frota automóvel dos Bombeiros de Algueirão Mem Martins morreu abandonado, esquecido, perdido... 

Será que este "monte de chapa ferrugenta" não merecia outra respeito por tudo o que se viveu lá dentro, todos os medos, todos os receios ou todos os momentos heróicos que transportou?

Enfim... foi apenas um desabafo de tristeza...
(acredito que tudo tenha uma justificação....)



domingo, 14 de novembro de 2010

Planeamento... ou ausência dele!!! [video]

A transformação que se viveu nos últimos 40 anos, de uma vida rural para uma vida mais citadina, deu origem às más cidades que hoje existem, onde Alguirão Mem Martins se reflete perfeitamente.

Com o final lento e silencioso dos campos de cultivo e da criação de gado, deu-se inicio ao grande "booom" da construção civil. Tornava-se mais rentável e mais rápido acabar com o cultivo, e nesse terreno construir um ou dois prédios. Isto teve consequências graves no mau urbanismo que hoje vivemos.




Tudo isto deu origem a uma redução da qualidade de vida, também originada pela dificuldade de se comprar uma casa em Lisboa, e que devido ao facto de as casas nesta região terem um custo mais baixo, trouxe muita gente a viver aqui, tornando a freguesia de Algueirão Mem Martins a mais populosa de Portugal.


Este excesso de população, não só em Algueirão Mem Martins, mas em toda a linha de Sintra, e área Metropolitana de Lisboa, cria graves problemas sociais e financeiros. 

Como é possivel um pais pobre como Portugal, deixar o centro da cidade ficar vazio, despovoado, fechando assim Escolas, Centros de Saúde, obrigando à construção de novas escolas, novos hospitais, novas estradas.
Mas como tudo é feito sem planeamento, o Hospital é construído sem a devida previsão do crescimento nos próximos anos e rapidamente se tornou caótico, sem condições e sem resposta para uma imensa população. O IC19 é construído, mas poucos anos depois tem de ser alargado... A linha de comboio tem de ser quadruplicada.
As novas urbanizações são construídas cada vez mais longe da linha do comboio e a falta de estacionamento junto das Estações da CP, torna mais confortável o uso do automóvel. O transito torna-se difícil. Os autocarros são poucos, caros e não servem todas as zonas. Não existe transporte escolar. Não existe incentivo à utilização de transportes públicos.
O Estado e a Câmara Municipal gastam recursos e dinheiro a corrigir a falta de planeamento, dinheiro que poderia ser aplicado de uma forma mais eficaz e correcta...
- Quanto dinheiro seria necessário para corrigir o mau urbanismo da Tapada das Mercês? 
- A Falta de estacionamento na zona de Fanares em Mem Martins? 
- Na criação de espaços verdes na Cavaleiras?
Este mau planeamento, ou mesmo ausência dele, tira anos de vida às pessoas, faz-nos gastar mais tempo em deslocações para o trabalho, para a escola, para as compras... Tudo é construído à escala do carro... é quase impossível viver sem um carro... As crianças sofrem com esta falta de qualidade.

E se a construção ganhar um novo impulso, e começarem a nascer novos prédios e novas urbanizações? Um simples prédio de 6 andares implica aproximadamente 30 carros (estimativa), 70 pessoas (estimativa)...

E se forem construídos 10 prédios de 6 andares por ano? E se multiplicarmos isto por Rio de Mouro, pelo Cacém, por Massamá, por Queluz... 

Onde fica a qualidade de vida? Fico preocupado quando oiço noticias de novas urbanizações em Massamá, na Serra da Carregueira, em Meleças... Será que a Câmara de Sintra irá resistir às receita s provenientes das licenças de construção, em detrimento da qualidade de vida dos seus munícipes?

Aqui deixo uns excerto que escolhi de um excelente trabalho que a RTP divulgou em 2007, da autoria do sociólogo António Barreto intitulado "Portugal, um Retrato Social". 

Escolhi alguns excertos, onde a população de Algueirão Mem Martins, na sua grande maioria, se sente enquadrada, certamente, nesta "bola de neve" de problemas

sábado, 13 de novembro de 2010

Campo Visconde da Asseca [video]

Este campo foi utilizado pelo Mem Martins Sport Clube (MMSC), aproximadamente durante 30 anos.
Situava-se num terreno, entre a Rua do Coudel e a Estrada de Mem Martins. 

O Visconde da Asseca, era o presidente da Câmara Municipal de Sintra na altura.
Assisti a muitos jogos do MMSC neste campo, e recordo-me da festa nele vivida, quando o clube conseguiu uma subida de divisão. Relativamente a esse dia, ainda tenho guardada, uma camisola que me foi oferecida por um jogador.

Na foto abaixo, temos o campo horas antes de ser inaugurado em 1963


A benção do campo antes do jogo de inauguração, em que se defrontaram o "Mem Martins Sport Clube" e o "Sport Lisboa e Saudade".


No inicio dos anos 90, a Câmara Municipal de Sintra, construiu o Complexo Municipal da Quinta do Recanto, e o antigo "Campo Visconde da Asseca", tal como a Escola Primária Guerra Junqueiro, foram destruídos, e deram origem a mais um conjunto de prédios...

A demolição desta escola foi um crime para o passado de Mem Martins, pela memória e esforço de uma população, que se reuniu em torno da construção de uma escola.

O grande impulsionador desta escola foi Artur Soares Ribeiro, um grande dinamizador da Mem Martins. Foi inaugurada na década de 20 e demolida em 1989.

A primeira professora que ali lecionou chamava-se Maria de Jesus Simões.

Esta escola foi construída pelo dinheiro e vontade da população.

Na "Era do Betão", esqueceu-se o passado e não se respeitou a história, construindo-se prédios desenquadrados com toda a envolvente, longe das boas regras de urbanismo, e demolindo-se este edifício, que não se tratando de um grande símbolo arquitetónico, era sem duvida um marco importante na vida de muita gente...


Em baixo, encontra-se uma pequena animação, onde tento reconstruir a zona, em meados da década de 80, fazendo uma viagem pela Rua do Coudel, virando à esquerda até à antiga Escola Primária.




quarta-feira, 10 de novembro de 2010

[Jornal de Noticias] Escola provisória há 35 anos

A escola EB2,3 Visconde de Juromenha, localizada na Tapada das Mercês, vai cumprir, no próximo dia 17 de Novembro, 35 anos e, pese esse facto, continua a ser "provisória".

Esta escola não tem condições para receber os cerca de 1300 alunos que a frequentam. Somente a grande dedicação de toda a comunidade educativa, torna possível ultrapassar obstáculos e proporcionar as condições mínimas, para que a escola esteja a funcionar.

No entanto, sempre que chove com um pouco mais de intensidade, nada há a fazer e é o caos: salas de aula, refeitório e ginásio com inundações, espaços exteriores onde a água chega a atingir os 20 cm, impossibilitando a circulação, e os quadros eléctricos, que ao conviverem com as abundantes infiltrações, representam um perigo para todos.
Esta é a situação que se vem agravando e que tem como consequência imediata o desconforto e a forte possibilidade dos alunos ficarem doentes, para além de uma aprendizagem interrompida, pois a escola acaba por encerrar mais cedo. Tem sido assim, nas últimas semanas.

Será que estão à espera que um tecto caia em cima dos nossos filhos?

Senhores governantes, sejam eles quais forem, Ministério da Educação, Direcção Regional de Educação de Lisboa e Câmara Municipal de Sintra, deixem-se do "jogo do empurra", tão conveniente para não fazerem nada, e não envergonhem mais a classe política.

Deixem de deitar areia para os nossos olhos e proporcionem aos nossos filhos, o que é de direito reconhecido; uma escola nova!

sábado, 6 de novembro de 2010

BMX em Mem Martins - Anos 90 [video]

Nos anos 90, Mem Martins era um ponto de destaque no BMX em Portugal. Existia na Urbanização do Pinhal, na altura mais conhecida por Beirobra. Era um local de grande concentração de praticantes, que dedicava as suas tardes a grandes saltos e grandes acrobacias.


Um dos grupos que normalmente treinava neste espaço eram os "Caça-Pardala", como podemos confirmar nas foto abaixo retirada do saudoso Jornal "A Pena", em 1992


Este espaço depois de desativado permaneceu durante alguns anos abandonado, tendo sido transferido sem o mesmo brilho para os campos de jogos em Ouressa, junto às piscinas.


Assim, como recordação, deixo as imagens do também saudoso "Portugal Radical", programa dos primórdios da SIC, do 2º campeonato First Wave / Beirobra, em 1994. Podemos assistir em acção alguns do elementos da foto em cima.
De salientar também nas imagens, um ar mais equilibrado e menos pesado de betão, pelo facto de ainda não existir nessa altura as torres da Urbanização "Mem Martins Poente"


Vamos viajar até 1994...



segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Brevemente... Fórum Sintra

A imagem do antigo "Feira Nova de Sintra" com a sua galeria comercial, as suas salas de cinema e o espaço de restauração, é para todos apenas uma memória.

Está agendado para já para o Primeiro Semestre de 2011, a abertura do Fórum Sintra

O novo centro irá contar com: 
- um hipermercado de 15.750 m²,
- uma área de retalho de 55.900 m²,
- uma área de restauração com 2.150 m²,
- um complexo de sete salas de cinema
- 2.800 lugares de estacionamento.








As obras correm a bom ritmo e já se consegue observar alguns pormenores arquitectónico do novo Shopping do Concelho de Sintra. Nas fotos em baixo, temos o comparativo entre inicio das obras e a fase em que se encontram, no final de Outubro de 2010.
De modo a comparar a ordem de grandeza deste novo shopping, aqui temos a área de retalho: 55900m2

Assim, comparado com espaços idênticos da região de Lisboa, chego à conclusão que o Fórum Sintra terá uma ordem de grandeza semelhante ao Cascaishopping:e um pouco abaixo do Almada Fórum.

Assim, comparado com outros shoppings da região, conclui-se que será mais pequeno que o Cascaishoping mas maior que o Oeiras Parque ou o Alegro

Alegro - 39,000m2
Almada Fórum - 78,815m2
Cascaishopping - 73,515m2
Centro Colombo - 119,958m2
Oeiras Parque - 34,479m2
Odivelas Parque - 38,950m2
Um dos pormenores neste desenho de apresentação do projecto já é visível em obra, que é a palavra "Sintra" no revestimento da fachada principal do edificio, como podem confirmar na foto seguinte.

Se existe alguma curiosidade em todos sobre este novo espaço comercial para o Concelho de Sintra, esta obra também poderá ser o fim de uma grande parte do comercio tradicional do Concelho. Recentemente, no Jornal "Cidade Viva", O presidente da Associação Empresarial de Sintra, Manuel do Cabo dizia:  “é preocupante, na medida em que vai alargar substancialmente a área comercial”.... “o aparecimento de grandes superfícies nunca é bom para o pequeno comércio, porque são estruturas que facilitam o acesso e têm promoções que o comércio tradicional não consegue praticar, e isso atrai os consumidores”.


Mas eu, fiel consumidor de comércio tradicional lanço a pergunta: "- O que fez o Comercio Tradicional para se modernizar, para combater estes grandes adversários que são os Centros Comerciais?"

 Eu diria.... NADA...

Eu ainda poderei lançar mais uma questão: "- e se os comerciantes que tem as suas lojas no centro da vila, decidirem deslocar a sua actividade para este novo espaço?"

Será que se vai assistir à morte lenta do antigo comercio em Mem Martins? Eu lamentavelmente acho que sim....


Este novo Centro Comercial trará grandes vantagens, pois será certamente mais fácil estacionar, existirá certamente mais ofertas comerciais, mais promoção, mais publicidade, mais divulgação, mais luz, mais cor, mais segurança...e seguranmente será uma grande fonte de emprego.

Eu, sinceramente gostava que as obras que estão a decorrer junto da estação de Mem Martins, servissem de trampolim para revitalizar aquele espaço, dar-lhe mais dignidade, mais conforto e segurança. Não será bonito assistir ao comercio antigo e tradicional com as suas portas fechadas e a morrer lentamente. O que se poderá fazer?

Aqui deixo a Ficha do Projecto do Fórum Sintra, retirada do site da empresa promotora, a Multi Development Portugal