Estes momentos desapareceram com o tempo, mas eu lembro-me bem, que à cerca de 20 anos, em Algueirão Mem Martins, existia a tradição de "saltar à fogueira"
Nas pracetas, nas ruas e nos bairros, os jovens durante a semana arranjavam madeira, construíam uma pequena barraca (muitas vezes com madeira roubada das obras), e nas vésperas dos Santos Populares, as pessoas juntavam-se na rua, a confraternizar em redor do fogo da fogueira...
Existia sempre o comportamento perigoso e arriscado de saltar a fogueira... uma corrida e um salto por cima do fogo, e tínhamos herói... (acredito que este comportamento tenha um significado histórico ou mitológico... não sei...)
Outra tradição, era procurar no mato alcachofras para serem queimadas nestas fogueiras. Nesse tempo, eu não sabia o significado desta tradição, mas aqui está o significado:
"Nessas fogueiras, os rapazes e raparigas solteiros, queimavam a crista de uma alcachofra pensando na pessoa amada, depois mergulhavam em água fria, a crista queimada e enterravam-na na terra num lugar escolhido por cada um. No dia seguinte todos iam ver as alcachofras que haviam queimado na noite anterior. Se a crista da alcachofra estivesse florida, então o seu amor seria correspondido, se não estivesse novamente reflorescido, então a pessoa que tinha pensado aquando queimavam a dita alcachofra não o correspondia em amor."
Nestas noites, era giro circular por Algueirão Mem Martins com os olhos bem aberto para dizer "...olha, está ali uma fogueira..." e sentir o clima de festas pelas ruas... lembro da animação em Santa Teresinha, no Bairro das Eiras, Zona da Torre da Águia, na Capela e noutros sitios... outros tempos...
Também te lembras???
Então não?? Aqui na minha rua os vizinhos juntavam-se todos, uns levavam sardinhas, outros o pão, outros o sumo e as cervejas, e nós faziamos fila para saltar nas ditas fogueiras. Bons tempos sem dúvida. Nem sei bem porque o deixámos de fazer... talvez porque a maioria dos vizinhos já não é a mesma.
ResponderEliminarQue recordação. Ainda me lembro de ouvir: "E quem não salta não é homem!" e também saltavam raparigas. As fogueiras eram enormes, só os mais malucos ou os mais "alegres" é que saltavam. Perto da Capela, tenho a imagem de alguém ter saltado mas tropeçou na pira de troncos, por sorte caiu fora do "inferno". Momentos não muito distantes, que já não voltam.
ResponderEliminarLembro-me perfeitamente, as festas faziam-se atrás da minha casa. num largo no bairro de sta teresinha. Mais tarde alcatroaram o local e deixaram de as fazer lá. Não sei qual o motivo para ter desaparecido dos outros locais.
ResponderEliminarClaro que me lembro, éramos miúdos e brincávamos na rua,
ResponderEliminarnão havia telemóveis, nem computadores, mas havia
camaradagem e amizade. Nos Santos Populares íamos
apanhar lenha para fazermos a fogueira e até fazíamos uma
rampa improvisada para saltar a fogueira de ... bicicleta!
Bons velhos tempos.
P.R.
Também me recordo bem! E com saudade!
ResponderEliminarA “vida” afastou-me do país onde as tradições já não são o que eram e colocou-me num onde, curiosamente, os santos populares são vividos com as imagens da minha infância: as referidas fogueiras, os “estalinhos” do meu longínquo carnaval, os bailes espalhados pelos bairros… Aqui chamam-se festas juninas.
Só por curiosidade, o dia dos namorados, aqui, comemora-se no dia de Santo António. Na véspera, ao jantar, encontrar uma mesa de um restaurante é tão difícil como, na zona de Sintra, na noite de S. Valentim. Só que celebram um santo português e nós um santo “americano”. Qualquer dia ainda vejo trocarem o “Pão por Deus” pelo “halloween”…