A Junta de
Freguesia de Algueirão-Mem Martins, Sintra, pretende executar 11 projectos
de recuperação urbana, mas antes quis saber o que a população achava deles.
Para isso lançou um concurso de ideias através do
qual enviou aos munícipes 31 mil inquéritos, com informações e imagens de cada
um dos projectos. Perto de quatro centenas de respostas foram recebidas, o que
leva o presidente da junta, Manuel do Cabo, a congratular-se com a iniciativa.
"Queremos ouvir a população para escolher o
melhor projecto", explica o autarca, acrescentando que com isso "não
se quer aliviar de qualquer responsabilidade nas suas decisões".
Os inquéritos, lançados em Maio e cujas respostas
foram recebidas até ao final do mês passado, permitiram à junta saber que
"a grande preocupação da população tem a ver com os espaços verdes, o
que vai ao encontro das propostas" da autarquia, observa Paulo
Noguez, membro do júri encarregue de avaliar as sugestões recebidas. "Quanto melhor um decisor ou uma empresa
conhece o seu cliente, melhor será a sua estratégia e o serviço a prestar",
justifica.
Algueirão-Mem Martins é a maior freguesia da
Europa. Segundo os Censos de 2001, tem cerca de 63 mil habitantes para uma área
de 15,9 quilómetros quadrados. Dez anos antes tinha 40 mil residentes. Esta
explosão demográfica foi acompanhada de um crescimento urbanístico desregrado,
que não levou em conta as infra-estruturas e os equipamentos sociais
necessários.
"Em termos urbanísticos, a vila não tem
arranjo. Não há estacionamento. Não há um largo. As ruas são muito apertadas.
Os prédios crescem para cima das estradas. Não há um jardim ou um centro bonito",
resume Rosalina Guerreiro, que trabalha num café junto ao largo da estação.
"Ouvir a população é sempre bom. E já está na hora de mudar o aspecto da
vila", diz a comerciante, mostrando o seu apoio inequívoco à iniciativa da
junta.
Segundo Manuel do Cabo, o objectivo dos 11 projectos
é "redesenhar a paisagem da vila",
com a construção de rotundas iluminadas, espelhos de água na bacia de retenção
da Tapada das Mercês e intervenções em diversos espaços verdes. A
requalificação passa ainda pelo largo da estação e pela construção de um túnel
"que sirva de escoamento ao trânsito proveniente do IC19".
O projecto em que a população deposita mais
esperanças - a requalificação da estação e do seu largo e a criação de
estacionamento em volta - será também o que mais tempo levará a concretizar.
"Poderá ser algo para 15 anos. É uma obra de grande envergadura, que
envolve demolições. Por outro lado, queremos um programa Polis para ali",
explica Manuel do Cabo.
As sugestões dos munícipes serão agora avaliadas
por um júri "que vai compará-las com as 11 propostas".
Posteriormente, adianta o autarca, alunos de arquitectura da Universidade
Lusíada, com base nas ideias dos munícipes, apresentam os estudos para estes
projectos. A partir desse momento vai ser lançado o concurso de execução dos
projetos, seguindo-se a fase de obra.
"Em Junho de 2007, a freguesia vai entrar em
estaleiro e as obras prolongam-se até ao final do mandato", resume Manuel
do Cabo.
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